ATA DA DÉCIMA PRIMEIRA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 04.04.1988.

 

 

Aos quatro dias do mês de abril do ano de mil novecentos e oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Décima Primeira Sessão Ordinária da Sexta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Antonio Hohlfeldt, Aranha Filho, Artur Zanella, Auro Campani, Bernadete Vidal, Brochado da Rocha, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Isaac Ainhorn, Jorge Goularte, Jussara Cony, Kenny Braga, Lauro Hagemann, Luiz Braz, Mano José, Nilton Comin, Paulo Sant’Ana, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray e Werner Becker. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e determinou ao Ver. Clóvis Brum que procedesse à leitura de trecho da Bíblia. A seguir, a Srª. Secretária procedeu à leitura da Ata da Décima Sessão Ordinária que foi aprovada. À MESA foram encaminhados: pelo Ver. Adão Eliseu, 01 Indicação sugerindo ao Senhor Governador do Estado reforço de policiamento na Vila Santo Agostinho; pelo Ver. Antonio Hohlfeldt, 01 Pedido de Informações, acerca dos critérios que norteiam a compra de área por parte do Departamento Municipal de Habitação, das organizações e das fórmulas de avaliação de imóveis e, em caso de áreas invadidas, em que interfere a situação de invasão de alguma área; pelo Ver. Frederico Barbosa, 01 Pedido de Providências solicitando limpeza do terreno baldio localizado na Rua Félix da Cunha, ao lado do n.º 734; pela Verª Gladis Mantelli, 01 Pedido de Providências solicitando alteração do percurso dos ônibus T1, passando em frente ao prédio da Secretaria da Receita Federal; pelo Ver. Hermes Dutra, 01 Pedido de Informações, a respeito das obras de pavimentação que resultaram no novo local de desfile de carnaval (sambódromo), que empresas participaram da licitação, a quem foi adjudicada a obra e quem custeará os reparos necessários em função das rachaduras em quase toda sua extensão; pelo Ver. Nilton Comin, 01 Pedido de Providências solicitando corte de uma árvore na Av. Tapiaçu, 158. Do EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/88, da Comissão Especial constituída para examinar e acompanhar as inundações nas ruas de Porto Alegre; 01/88, da Comissão Especial Pró-Eleições Diretas em 1988; 1499/88, da Câmara Municipal de São João da Boa Vista/SP; Ofícios-circulares nºs 03/88, da Câmara Municipal de São Francisco de Assis/RS; 53/88, da Câmara Municipal de Cachoeirinha/RS. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado Requerimento verbal do Ver. Clóvis Brum, solicitando a inversão da ordem dos trabalhos, passando-se ao período da ORDEM DO DIA. Em Discussão Geral e Votação esteve o Projeto de Resolução n.º 04/88 que, após ter sido discutido pelo Ver. Artur Zanella, teve adiada sua discussão e votação por três sessões a Requerimento, aprovado, do Ver. Aranha Filho. Ainda, foram aprovados os seguintes Requerimentos: do Ver. Aranha Filho, de Voto de Congratulações com José Albano Wolkmer, por sua indicação ao cargo de Presidente do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia; do Ver. Frederico Barbosa, de Voto de Pesar pelo falecimento de Ondina Silva do Amaral; do Ver. Hermes Dutra, de Voto de Congratulações com a Rádio Portobelo, pela passagem de seu primeiro ano de fundação; de Voto de Pesar pelo falecimento de Adolfo Klinski. Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, Projeto de Lei do Executivo n.º 126/87; Projetos de Resolução nºs 07; 09/88, discutido pelo Ver. Frederico Barbosa; 01/88, discutido pelos Vereadores Flávio Coulon e Hermes Dutra; 05/88; Projetos de Lei do Legislativo nºs 18/88, discutido pelo Ver. Hermes Dutra; 21; 08; 15; 16; 07; 12/88. Em GRANDE EXPEDIENTE, o Ver. Luiz Braz comentando ter apresentado, em mil novecentos e oitenta e cinco, um Projeto de Lei enquadrando funcionários, conforme solicitação de servidores municipais, analisou os motivos que o levaram a apresentar esse projeto e a oposição recebida de várias jornalistas. Comentou argüição de inconstitucionalidade, pelo Tribunal de Justiça, da Lei Complementar 81/83, em que se baseava seu projeto, salientando as conseqüências desse fato e declarações do Secretário Municipal da Administração, Sr. Gabriel Pauli Fadel, a respeito, em que S. Sa. declara que alguns dos benefícios resultantes da Lei Complementar 81/83 hoje já se encontram consolidados. O Ver. Lauro Hagemann discorreu acerca da possibilidade de fechamento da Caixa Econômica Estadual, dizendo que essa possibilidade faz parte de uma reforma bancária da qual a população não vem sendo devidamente informada. Leu e comentou documento de autoria do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, acerca das pretensões do Banco Mundial, quanto a uma instituição de reforma bancária baseada na criação de bancos múltiplos. Salientou os reflexos que essa reforma acarretará para o País, principalmente sobre os bancos regionais. O Ver. Kenny Braga teceu comentários sobre as atividades deste Legislativo, criticando o grande número de concessões de títulos de cidadania feitos pela Casa. Atentou para a necessidade de que essa situação seja modificada, com a busca de fórmulas que disciplinem e limitem tais concessões. O Ver. Mano José reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Kenny Braga, acerca da concessão de títulos de Cidadão de Porto Alegre, feitos pela Casa, ressaltando a importância que deveria ser dada a este título. Falou sobre a pouca presença dos Vereadores nas Sessões Solenes da Casa, esclarecendo os motivos pelos quais S. Exa. não vê, participando dessas Sessões. Teceu críticas ao trabalho que vem sendo realizado pela Secretaria Regional da Fazenda, no que se refere a atual política de Imposto de Renda vigente no País. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio Coulon analisou a importância da manutenção dos quadros partidários para que não se dissolvam os partidos que atualmente fazem parte do sistema político brasileiro. Falou da ameaça de penhora da sigla do PDT, em face de dívidas contraídas por integrantes desse Partido, comentando a questão. O Ver. Artur Zanella discorreu sobre a Lei Complementar 81/83, salientando declarações do Secretário Municipal da Administração, Sr. Gabriel Pauli Fadel, acerca das conseqüências da anulação dessa Lei, principalmente em relação a outras Leis que foram embasadas em aspectos semelhantes aos que embasaram a Lei Complementar 81/83. Atentou para a necessidade de um posicionamento da Casa a respeito, para que não ocorram graves prejuízos aos servidores municipais. Teceu comentários sobre a possibilidade de extinção da FESC, ressaltando os reflexos que essa extinção acarretará aos funcionários dessa Fundação. O Ver. Brochado da Rocha comentou críticas que constantemente são feitas pelo Ver. Flávio Coulon ao Partido Democrático Brasileiro, reportando-se ao pronunciamento de S. Exa., feito hoje, acerca da possibilidade de penhora da sigla do PDT, em face das dúvidas contraídas por membros do Partido. Lamentou a atuação do Ver. Flávio Coulon na Casa, dizendo que S. Exa. deveria ocupar-se mais dos problemas internos do PMDB. O Ver. Jorge Goularte falou sobre declarações do Sen. José Fogaça, à imprensa, de que Constituintes estariam se vendendo em troca de benefícios particulares e que o PMDB estaria dividido. Comentou a possibilidade de prorrogação dos mandatos de Vereadores e Prefeitos, salientando a forma como o assunto vem sendo discutido pela Assembléia Nacional Constituinte e atentando para a necessidade de que seja instrumentalizada, pelo Congresso Nacional, a realização de eleições municipais. O Ver. Antonio Hohlfeldt criticou o sistema de transportes coletivos existentes em Porto Alegre, dizendo estar recebendo, continuamente, queixas de usuários desse tipo de transporte, tanto com relação ao atendimento, quanto aos horários e a limpeza dos ônibus. Ressaltou o problema observado com a Cia. Trevo, na linha relativa ao Bairro Tristeza, cujo usuários possuem apenas um posto para a compra de passagens escolares. E o Ver. Hermes Dutra comentou reportagem do Jornal do Comércio, cuja manchete ressalta “Collares: Projeto Praia do Guaíba é irreversível”, declarando-se surpreso com declarações do Prefeito Municipal de que o empréstimo relativo à construção da Avenida Beira-Rio, aprovado na Casa, seria o início das obras do Projeto Praia do Guaíba. Discorreu sobre alguns aspectos da reportagem em questão, principalmente quanto aos rendimentos para o Município resultantes dos postos a serem instalados na Avenida Beira-Rio. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Jorge Goularte reportou-se ao projeto de sua autoria, em tramitação na Casa, de reenquadramento de funcionários, tecendo comentários sobre a atuação do Secretário Municipal da Administração, em especial quanto a provimentos e mudanças na situação legal de funcionários municipais. Cobrou do Executivo Municipal realização de concursos públicos, conforme tema anteriormente deferido pela administração pedetista. Disse que encaminhará Pedido de Informações com vistas a esclarecimentos sobre os concursos em andamento na Prefeitura de Porto Alegre. A seguir, o Ver. Ignácio Neis solicitou nova verificação de “quorum”, registrando-se as presenças dos Vereadores Auro Campani, Bernadete Vidal, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Ignácio Neis, Jorge Goularte e Pedro Ruas. Constatada a inexistência de “quorum”, a Srª. Presidente levantou os trabalhos às dezessete horas e dezenove minutos, convidando os Senhores Vereadores para o Seminário que terá continuidade amanhã pela manhã, sobre “O hemofílico diante da AIDS” e convocando-os para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Frederico Barbosa, Luiz Braz, Gladis Mantelli e Jorge Goularte, o último nos termos do § 3º do art. 11 do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores Gladis Mantelli, Teresinha Irigaray e Frederico Barbosa, os dois últimos como Secretários “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 

O SR. CLÓVIS BRUM: Para um Requerimento, Sr. Presidente. (Assentimento da Presidência.) Requeiro a inversão da ordem dos trabalhos. Uma vez que há somente um Projeto para ser votado, solicito que iniciemos pela votação do mesmo, passemos depois à Pauta e retornemos, após, ao Grande Expediente.

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Em votação o Requerimento do Ver. Clóvis Brum (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO, contra o voto do Ver. Artur Zanella.

Solicito à Sra. 1ª Secretária que proceda à verificação de “quorum” para a Ordem do Dia.

 

A SRA. SECRETÁRIA: (Após proceder à verificação de “quorum”.) Há “quorum”, Sr. Presidente.

 

O SR. PRESIDENTE: Havendo “quorum”, passaremos à

 

ORDEM DO DIA

 

DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO

 

PROC. 334/88 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 04/88, da Mesa, que institui o troféu de poesia e monografia Glênio Peres – Concurso de poesia e monografia sobre a Cidade de Porto Alegre, a ser concedido anual e individualmente.

 

Obs.: Independe de Parecer – Art. 143 do R. I.

 

O SR. PRESIDENTE: Em discussão. (Pausa.) Para discutir, com a palavra o Ver. Artur Zanella.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Queria dizer que não sou especializado em concursos desse tipo, mas, Sr. Presidente, tenho minhas dúvidas se, neste caso, não deveriam ser dois troféus, porque não vejo como darmos somente um troféu para homenagear o autor de poesia e monografia, que me parecem ser duas coisas bem distintas e estranhas uma da outra. Então, é mais uma questão de informação, porque imaginava que ele seria votado após o Grande Expediente, e eu procuraria obter maiores informações com a Mesa sobre este concurso, como houve a inversão, contra o meu voto, consulto a Mesa se está correta a concessão de um prêmio para poesia e monografia ao mesmo tempo, porque me parece, repito, coisas distintas e não vejo como um poeta vai concorrer contra um autor de monografia e vice-versa.

Então, creio que esta questão é para evitar que uma iniciativa tão boa como esta seja frustrada pela má redação. Consulto a Mesa sobre o assunto.

 

O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, acompanho o discurso de V. Exa. e quero colocar, a seu juízo, o seguinte: Primeiramente, lerei o Projeto de Resolução, o Projeto de Resolução nº 04/88, da Mesa, que institui o Troféu de Poesia e Monografia sobre a Cidade de Porto Alegre, a ser concedido anual e individualmente. É óbvio que V. Exa. tem toda a razão: não é possível instituir um concurso onde poetas e monógrafos possam concorrer, mas acho que se está instituindo um troféu que, anualmente, será concedido por trabalhos feitos, em monografia ou poesia. Para cada um, um troféu.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nessa mesma linha de esclarecimento, leio aqui que será, o referido troféu, aberto em livro, com registro especial, do qual se fará constar, detalhadamente, as causas da homenagem e a síntese da obra literária e os dados biográficos do homenageado. Não sei, também, se é erro de inscrição, mas normalmente não é detalhadamente, é ao contrário, é em termos concisos que se coloca em livro. Já pensaram se vamos dar os dados biográficos, a síntese da obra literária dos homenageados? Vai ser um horror!

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sou mais radical. Não há homenageado, no caso. Existe a pessoa que ganhou o concurso.

Nós estamos aprovando um Projeto de Lei que não deve ter nenhum esforço de interpretação. Não há homenageado. Existe uma pessoa que vai concorrer a um concurso de poesia e vai ganhar. Haverá um prêmio. Não vai ser homenageado por nada. Mesma coisa, outro escreverá uma monografia, que não tem nada a ver com a poesia. Eu até me candidato à monografia, mas não me candidato à poesia.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. não pode concorrer num concurso que é instituído pela Casa, da qual V. Exa. pertence.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Mas eu não sei se vou me eleger mais.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores. Não gostaria que um projeto fosse votado com dúvidas. Vou ingressar com um Requerimento pedindo adiamento de votação deste Projeto por 2 Sessões. Enviarei por escrito à Mesa, para correção ou esclarecimento, se for o caso. (Pausa.)

 

O SR. PRESIDENTE: A Mesa recebe Requerimento assinado pelo Ver. Aranha Filho, Presidente de Comissão, para que o PR n° 004/88, Projeto n° 334/88, seja adiado em sua discussão e votação por 3 Sessões. (Pausa.) Em votação. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que aprovam permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.

 

(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)

 

O SR. PRESIDENTE: Passaremos à

 

PAUTA

 

DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

PROC. 184/88 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 01/88, do Ver. Flávio Coulon, que cria a Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara Municipal reestrutura o processo de Tomada de Contas, e dá outras providências (Res. n.º 785/83);

 

PROC. 342/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 07/88, do Ver. Pedro Ruas, que estabelece a exoneração do pagamento da tarifa na falta de troco no serviço de transporte de passageiros operado por táxi-lotação no Município e dá outras providências;

 

PROC 382/88 – PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 05/88, do Ver. Luiz Braz, que concede o título honorífico de Cidadão Emérito ao Dr. Fernando Torres Cardoso Saraiva;

 

PROC. 423/88 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 12/88, do Ver. Hermes Dutra, que denomina Rua Lloyd de Andrade Polidoro um logradouro público.

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur Zanella. (Pausa.) Desiste. A seguir, este Vereador está com a palavra. Solicito à Sra. Secretária que assuma a presidência dos trabalhos.

 

(A Verª Gladis Mantelli assume a presidência.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Com a palavra o Ver. Frederico Barbosa.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Em Pauta, em primeiro dia, Projeto de Resolução de minha autoria que institui o prêmio jornalístico Maurício Sirotsky Sobrinho, a ser concedido anualmente. Há pouco tempo, votaríamos a concessão de um prêmio para poesia e monografia com o nome do ilustre falecido Vice-Prefeito de Porto Alegre, ex-Vereador Glênio Peres, que certamente faremos, com a aprovação deste Plenário, após as três Sessões solicitadas como adiamento pelo Ver. Aranha Filho, tendo em vista alguns itens apontados pelo Ver. Artur Zanella, da tribuna, como primeiro orador inscrito para discussão. É exatamente neste item - e eu solicitaria ao Ver. Artur Zanella a gentileza - que abordo o Projeto ora em Pauta que discute, a partir de agora, a concessão do Prêmio Maurício Sirotsky Sobrinho, eis que a redação destes dois artigos que suscitaram dúvida, pelo Ver. Artur Zanella, estão em consonância, um Projeto com o outro, tanto o da feliz idéia do Ver. Brochado da Rocha e assinado pelos integrantes da Mesa desta Casa, como com este Projeto que submeto à Casa, com a assinatura dos Vereadores que compõem este Plenário. Na verdade, ao comentar um dos artigos que compõem este Projeto, comento, também, a discussão que se fará para estas três Sessões do Projeto que instituiria o nome de Glênio Peres para o Prêmio de Poesia e Monografia.

A questão do detalhado, e há pouco discutia inclusive com um componente da Diretoria Legislativa, me parece que fica absolutamente claro. E ao discutir o artigo 5º do meu Projeto poderia ouvir a opinião abalizada do Ver. Brochado da Rocha, também, de que conferido o Prêmio, será aberto o registro, onde se fará constar, detalhadamente, as causas da homenagem e a síntese biográfica da personalidade do homenageado. Acho, inclusive, para este Projeto, e vou providenciar uma Emenda para que a palavra homenageado possa ser trocada, porque na verdade nos parece que se está falando na pessoa que recebe o Prêmio. Mas o "detalhamento" não há nenhuma ligação com a síntese biográfica, eis que é uma expressão, detalhadamente, às causas da concessão do Prêmio, o que, necessariamente, não precisa ser extenso, mas precisa ser detalhada, a inscrição em livro, do porquê do título ou da escolha concedida, e por isso abro a discussão. Já vou dar o aparte ao Ver. Antonio Hohlfeldt, e até ouço opiniões abalizadas para que se pudesse inclusive, durante a tramitação, que foi exatamente isso que conversei com o Ver. Antonio Hohlfeldt, com o Ver. Lauro Hagemann e outros Vereadores para que se pudesse burilar o Projeto dentro de sua tramitação.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Frederico Barbosa, especificamente, nesta questão do livro de registro até acho que é uma boa providência...

 

(Tumulto no Plenário.)

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Deve ser a presença do PDT na Casa que, certamente, quando vem, deixa todos eufóricos na tarde de hoje. Saudamos a presença do Ver. Isaac Ainhorn que certamente dirime algumas dúvidas surgidas até no Atlântico Sul quando fui questionado em plena beira de praia num fim de semana se realmente o Ver. Isaac Ainhorn era o da publicação no jornal. Certamente é uma satisfação muito grande que ele esteja conosco.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: Vereador, a minha questão é se vamos criar o livro - e eu não tenho qualquer problema em se criar o livro - para esses dois concursos acho até que por uma questão de isonomia e seriedade da Casa, eu não sei exatamente como, provavelmente emendando ou tentando modificar todos os demais projetos de resolução criar também um livro ou um mesmo livro para os demais prêmios que esta Casa já confere e, até, retroativamente: o Erico Veríssimo, que é o mais antigo; o Lupicínio Rodrigues, na área de música; o Qorpo Santo, na área de teatro, para que esta Casa fique com toda a documentação de todos os seus prêmios, porque aqui não cabe dizer que um é mais importante que o outro. Nós temos instituído para cada área da atividade cultural.

Então, por uma questão de isonomia e bom senso me parece que deveremos prever retroativamente e extensivamente este livro a todas as demais premiações. Eu não sei se a Mesa deverá fazer um novo Projeto de Resolução talvez genérico, então, se retiraria este artigo em ambos os projetos e se faria um projeto de resolução novo e genérico - e V. Exa. como membro da Mesa e o Ver. Brochado da Rocha podem encaminhar isso - ou se emenda num desse generalizando. Mas me parece que como boa técnica legislativa não seria o melhor caminho. Talvez seja o mais aconselhável se retirar este artigo de cada um dos projetos individuais e se criar um novo Projeto de Resolução que, obviamente, seria aprovado pela Casa no sentido de criar este livro de registro para todas as premiações inclusive retroativamente aquelas que já foram concedidas em períodos anteriores, que não são muitos, mas que são de toda forma importantes, porque eu lembro que no Erico Veríssimo foram entregues ao Carlos Nejar, a Lya Luft, a Moacir Scliar, que lembro assim de imediato, e todos seriam um registro interessante para a memória desta Casa.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Agradeço pelo aparte. Certamente provoquei o debate. Disponho-me imediatamente após a solução do Plenário após essas três Sessões de adiamento do Projeto, a cumprir para este Projeto que ora tramita, a fim de que ele venha à votação sem o problema. Acho que V. Exa. também entrega ao Plenário uma excelente idéia que deve ser debatida.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) No seu Projeto o único problema é a questão do homenageado, sanado por antecipação, porque, na verdade, o homenageado é Maurício Sirotsky Sobrinho, o outro, o ganhador. Não tem muita similitude com os problemas levantados. Resolvendo o problema do homenageado, o restante do Projeto está perfeito. O da Mesa junta poesia e monografia num mesmo prêmio. Este projeto fala num conjunto de reportagens, o seu é um concurso, pois as pessoas escreverão ou uma monografia ou uma poesia, que não é o caso do Projeto, o que é adequado.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu comentei exclusivamente esse artigo que V. Exa. levanta o problema, pois sabia que a redação apresentava esse item que pode ser diminuído, chegando ao Plenário em condições, suprimindo o artigo ou arrumando-o, como diz o Ver. Antonio Hohlfeldt, o artigo sobre o livro.

 

O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. me permite um aparte? (Assentimento do orador.) É claro, um colega da Casa requerendo tempo para ver a leitura, achava de todo prudente, votei favorável para que o mesmo fosse adiado, até porque há uma questão que julgo meramente redacional, entre um "s" ou não. Mas, adiantando um outro aspecto, entendo que é fundamental que a Casa passe a se preocupar em documentá-la, que levanta o Ver. Antonio Hohlfeldt, que é para esse ou para todos os outros. Eu diria que, poderia ser para todos os outros, agora quanto à retroatividade Ver. Frederico Barbosa e Ver. Antonio Hohlfeldt, eu tenho dificuldades porque eu não sei se poderíamos retroagir. Agora eu acho que seria do uso e bom costume da Casa, se tivesse realmente, de uma forma documentada coisas como essas e foi isso que moveu esse propósito. Agora, a sugestão invocada que seja num livro único, parece também uma sugestão muito boa para que prossigamos.

Quero dizer a V. Exa. que pelo menos neste momento acho difícil mudar a redação, os troféus de poesia e monografia, porque senão pareceria, também, que haveria troféus de poesias e troféus de monografia.

 

O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu concluo, Sra. Presidente, apenas fazendo uma citação do art. 2º que também tem identidade com o art. 2º do Projeto do Ver. Brochado da Rocha e chancelado pela Mesa, que dá o prêmio Glênio Peres. E é nesse ponto que gostaria de dizer à Casa que depois de um primeiro texto, acho que foi aprimorado o segundo texto do Projeto do Prêmio jornalístico Maurício Sobrinho embasado no texto do Ver. Brochado da Rocha, no sentido de que terá o seu regulamento e julgamento a cargo de representantes de entidades ligadas a área em questão, de comum acordo com esta Câmara Municipal. Ou seja, os dois termos, eis que os artigos são semelhantes, praticamente dizem a mesma coisa, a Casa cria o prêmio e certamente convidará um cem números de entidades vinculadas à área, para que se discuta o regulamento e para que se discuta o julgamento, ou seja, se julgue esses prêmios. Isso me parece uma abertura, no sentido de prestigiamento e digo, na própria Exposição de Motivos, eis que a primeira homenagem àqueles que dedicam parte de seu tempo a trabalhar sobre as questões da Cidade de Porto Alegre, em segundo lugar, através de uma Comissão Julgadora de pessoas da área em questão, uma homenagem, também, à área de imprensa, e uma terceira homenagem que é, certamente, o nome, o batismo do prêmio a uma pessoa que, não há dúvida, viveu, toda a sua vida envolvida na área jornalística, de imprensa, de rádio, de televisão, ou seja, criando uma RBS que é orgulho a Porto Alegre, ao Rio Grande e ao Brasil. Era isto, Sr. Presidente.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito em Pauta é o Ver. Flávio Coulon. V. Exa. tem dez minutos.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sra. Presidente e Srs. Vereadores. Em Pauta um projeto de minha autoria que cria a Comissão de Fiscalização Financeira da Câmara Municipal de Porto Alegre, ou seja, cria mais uma comissão aqui na Câmara. Sobre o mérito deste Projeto de Resolução pretendo falar na próxima Sessão, quando me inscreverei para falar sobre o mérito.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, no corpo deste Projeto V. Exa também prevê a extinção da Comissão de Finanças e Orçamento da Casa?

 

O SR. FLÁVIO COULON: Não.

 

O Sr. Aranha Filho: Então, calculo eu que seria a criação de uma comissão paralela.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Na próxima Sessão me inscreverei em Pauta e falarei sobre o mérito deste Projeto. Até lá aconselho que leia o Projeto.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Confesso que não li o Projeto todo, numa leitura que se possa dar uma opinião a favor ou contra. Mas posso dizer a V. Exa que este Projeto materializa uma idéia dos parlamentos, que é a fiscalização. Porque a fiscalização dos parlamentos, hoje, permanece apenas como idéia. Veja V. Exa. que para convocarmos um Secretário Municipal temos que mandar um ofício, e ele tem 30 ou 90 dias para vir à Câmara. Quer dizer, o assunto que demandar esse tempo fica fora de época e com conseqüências irreversíveis depois.

Então, efetivamente, o Legislativo não tem um instrumento de fiscalização eficiente. A Câmara dos Deputados criou, há dois anos atrás, eu acho, uma comissão, mas que, na prática, também não tem funcionado. Mais aí é um problema de prática dos Srs. Deputados, dos quais nós devemos cobrar. O instrumento, a nível Congressual, ele existe. A nível Municipal, efetivamente, não existe.

E eu - como eu disse - ainda pretendo dar uma lida mais aprofundada, agora, até não vejo - veja bem - até não vejo com maus olhos, se fosse o caso de extinguir a Comissão de Orçamento e Finanças, de vez que, efetivamente, para a Casa é mais importante uma Comissão que fiscaliza de forma eficiente o Poder Executivo. Sou grato.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu queria dizer, também, para não me cobrarem depois alguma incoerência, que eu assinei também o encaminhamento, e, eu apóio também a idéia, evidentemente que os detalhes apareceram depois. Mas eu sou solidário com a idéia. Talvez aumentando as atribuições da Comissão de Finanças, sei lá como é que vamos fazer, e pediria para o orador, já que eu abri mão do meu período de Pauta, até para dar uma oportunidade a V. Exa., que teria que sair antes, de neste aparte, pedir o estudo pelas Lideranças da Casa do Processo n.º 491, Projeto de Lei do Legislativo, n.º 21/88, que denomina Praça União Territorial Ltda. um logradouro público. Eu acho que estamos abrindo aí um precedente que não me parece o melhor. Existem praças com nome de jornais. Mas o jornal a gente sempre considera como um órgão de interesse público, é de entendimento. E, eu vejo com alguma preocupação e nome de uma empresa, lembrando sempre que ali, perto de onde moramos, tem Serralheria A. Zanella, e por que não? Por que a gente pode pedir uma praça com aquele nome o que seria um absurdo, de minha parte?

Então, para evitar esse tipo de coisas eu gostaria de que as Lideranças estudassem profundamente este problema para não haver constrangimento no dia da votação. Ainda mais este Ltda. aí que está brabo.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Retorno então ao debate deste Processo que cria a Comissão de fiscalização financeira.

Hoje, Srs. Vereadores, eu quero me ater ao Parecer da Auditoria desta Casa, porque é muito comum o Vereador, ao compulsar o Projeto, ele procura saber qual é a opinião da Auditoria da Casa. Isso é, realmente, um fator importantíssimo. O que eu queria deixar explicitado aqui é que: primeiro, os Srs. Vereadores não se atenham e não se preocupem com este Parecer da Auditoria Geral da Casa. Eu explico. Primeiro, estabelece que o Regimento só pode ser alterado por proposta da Mesa de um terço de Vereadores. Já tem um terço de assinaturas este Projeto, então está superado. Segundo, a Auditoria classifica como institucional este Projeto ferindo os artigos 16, 70 e o 71 da Constituição Federal que estabelece as normas da fiscalização financeira e orçamentária. E, mais tarde, o Sr. Auditor Geral não só concorda com o Parecer acima como acrescenta o artigo 8º da Letra da Constituição Federal e o Parágrafo Único deste artigo 8º.

Em primeiro lugar, eu entendo e já discuti isso com a Auditoria e não chegamos a uma conclusão, porque há uma divergência, no meu modo de entender, eu entendo que um Parecer deste, especialmente para Vereadores que não são bacharéis em Direito, precisariam ser melhores explicitados. Por quê? No meu modo de entender, não basta apenas citar os artigos 16, o 70 e o 71 da Constituição Federal e a gente não sabe quais são as razões que eles estão apresentando aqui. Em segundo lugar, eu acho que um Vereador consciente, responsável, quando entra com um Projeto, nesta Casa, desta envergadura, ele tem um assessoramento, ele procura um assessoramento jurídico. E, é evidente, que a primeira coisa que ele vai argüir é se não há uma inconstitucionalidade. Em terceiro lugar, eu fui estudar a Constituição, fui procurar os artigos 16, o 70 e 71 da Constituição Federal e não vi absolutamente nada que pudesse dizer que uma iniciativa desta Câmara, querendo criar uma Comissão desta Câmara fira a Constituição Federal. (Aparte inaudível.) Mas a Constituição Brasileira não fala em nenhum desses artigos 16, 70 e 81 e nem no art. 8º. (Aparte inaudível.) Mas então é exatamente isso. Eu entendo que os pareceres precisam ter as luzes que V. Exa. está-me dando, justamente para este Vereador, que não entende nada de Direito, não ter esse tipo de colocação que está sendo feita aqui. Preciso que se coloquem aqui as razões, para que eu possa, baseado nessas razões contrapor os meus argumentos, ou procurar uma contraposição dos argumentos. Agora, o que eu acho que não pode é, simplesmente, ficar um parecer citando três ou quatro artigos da Constituição, e não dando as razões por que o Projeto não pode tramitar.

 

O S. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Confesso a V. Exa. que não tenho aqui, em mãos, o parecer da Auditoria, mas só para registro quero dizer que esta Casa, quando aqui chegamos, tinha três ou quatro Comissões - não lembro ao certo - e hoje tem seis, e essas Comissões foram criadas por uma reforma do Regimento Interno, não oriunda da Mesa. Não foi a Mesa que propôs a criação da Comissão de Defesa do Consumidor. Foi proposta por uma Comissão feita pelo Plenário, para reformar o Regimento Interno. Não houve participação da Mesa de forma direta. Então há uma contradição do parecer da Auditoria.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Ver. Hermes Dutra comete um equívoco, a Mesa tomou a iniciativa de propor a formação de uma Comissão Especial, com representação, na época, dos quatro Partidos. E a Mesa assinou esse Projeto, ratificando-o. Ele foi, realmente, resultado de uma Comissão, mas uma Comissão de iniciativa da Mesa Diretora da Casa. Ela orientou e entregou direitos a uma Comissão, mas a iniciativa foi da Mesa Diretora, de formar a Comissão. Era necessário, inclusive, fazer essa modificação, tendo em vista o número maior, ampliado, de Vereadores na Casa.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Sim, mas veja bem, Ver. Antonio Hohlfeldt, eu quis dizer, por exemplo, a Comissão poderia ter simplesmente aumentado o número de membros das Comissões e não ter criado mais Comissões. E o Projeto que tramitou não tramitou como Projeto da Mesa, e sim como Projeto da Comissão Especial criada pela Resolução nº  tal.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: Por delegação de poderes.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. me desculpe, mas, neste caso, não há delegação de poderes. Ou a Comissão fez, ou não fez. A Mesa não pode delegar poderes para uma Comissão propor criação de cargos. Ela até poderia delegar poderes para ser subsidiária - e aí eu concordo com V. Exa. - mas este não foi o caso.

 

O SR. FLÁVIO COULON: O que eu gostaria de solicitar é que fosse explicitado nestes Pareceres, de tal modo que o Vereador que apresentou este Projeto pudesse contrapor as suas razões para provar perante o Plenário que não há nada de inconstitucional neste Projeto. Quanto ao mérito, retornarei brevemente a esta tribuna para discutir. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, não tinha intenção de tocar no Projeto do Ver. Flávio Coulon, porque ainda estou fazendo um estudo mais aprofundado sobre a questão. Mas não quero deixar passar a oportunidade de registrar que, efetivamente, o Projeto é bom. Eu acho que a Casa tem que partir deste princípio. Devemos mudá-lo, encompridá-lo, encurtá-lo, enfim, mas temos que partir do pressuposto de que o Projeto é muito bom. O Legislativo não tem instrumentos, e digo isto porque já me preocupei há mais tempo e cheguei a conclusão semelhante à do Ver. Flávio Coulon de que, se a Casa não tiver uma Comissão ágil, que possa fiscalizar os projetos do Executivo e sua aplicação, ela não exercitará a sua função. Vou citar um exemplo: a pista do Sambódromo, por onde passa metade da Casa. Ela está rachando, literalmente. Fiz um pedido de informações ao Executivo para saber o nome da firma que ganhou a concorrência, se esta foi adjudicada por menor preço ou por competência técnica, e quem vai arcar com a correção da pista. Eu não sou engenheiro, mas está na cara que aquilo ali não é o caso de passar uma colher de pedreiro com cimento. Vê-se que há um problema abaixo do asfalto, problema de adensamento, pelo qual ele está subindo e rachando, e inclusive, até para o carnaval do ano que vem, os carros alegóricos terão imensa dificuldade em desfilar, já que sabemos que os carros alegóricos não são movidos a energia solar, nem a combustível que não seja o ombro dos suados admiradores e componentes das escolas de samba.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite? (Assentimento do orador.) Com a relação à pista da Augusto de Carvalho, também me chamou a atenção aquele problema, mas acredito que seja da pista anterior, e não da nova, mas, mesmo assim, nobre Vereador, o que me preocupa, na proposição do Ver. Coulon, é a dualidade de atribuições, entre esta Comissão que se quer formar, e a já existente, Comissão de Orçamento e Finanças, da Casa. E isso é um fato histórico, que a presidência da Comissão fique sempre com o partido do Governo, então, ela poderia se tornar mais ágil, não que a ocupação da presidência, sendo do governo, não possa fazer...

 

O SR. HERMES DUTRA: Nós sabemos que não fiscaliza.

 

O Sr. Aranha Filho: Não fiscaliza, mas deveria fiscalizar, mas acredito que estamos incorrendo no erro de formar mais uma comissão, e uma das duas ficar inoperante, pela dualidade de atribuições; quem sabe o furo não está bem mais em baixo, em se pensar que a presidência da Comissão de Orçamento e Finanças da Casa, não deva ser ocupada por um Vereador de oposição?

 

O SR. HERMES DUTRA: V. Exa. faz um raciocínio brilhante, mas pisa em terreno lamacento, no sentido de afundar, se V. Exa. me devolver o meu discurso, e eu puder, quem sabe, tentar clarear, as atribuições da Comissão de Orçamento e Finanças não sabe, necessariamente, de fiscalização da ação do Executivo; ela se refere a dar pareceres, ela se limita pela definição a dar pareceres sobre projetos com repercussão orçamentária; o que se trata é de criar uma comissão de fiscalização. Então, veja bem V. Exa: se V. Exa. achar isto uma boa idéia - e por isto que eu disse que talvez tentasse clarear um pouco, - não vamo-nos preocupar com a atualidade. Vamos, isto sim, ou criar uma nova comissão que açambarque a Comissão de Orçamento e Finanças ou vamos mudar as atribuições da Comissão. Foi isto que disse. Não vamos queimar a idéia em função de uma superposição de poderes, porque nós nos ressentimos da falta de uma Comissão de Fiscalização. E é tão verdade isto, que na Câmara dos Deputados, Vereador, existe a Comissão de Economia e Finanças e existe a Comissão de Fiscalização, feita há dois anos atrás. Dentro daquela Emenda Flávio Marcílio, a chamada "retomada das prerrogativas do Legislativo".

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) É só para complementar. Primeiramente, a minha preocupação e, em segundo lugar, até para facilitar uma resposta de V. Exa. Quais são as atribuições - e isto eu pergunto, - do Vereador de oposição, nesta Casa, perante o Executivo?

 

O SR. HERMES DUTRA: Eu perguntaria a V. Exa., que também é de oposição.

 

O Sr. Aranha Filho: Uma delas, é fiscalizá-la.

 

O SR. HERMES DUTRA: Ver. Aranha Filho, não se trata disto aí. Acho que V. Exa. está - ocorreu em V. Exa. aquilo que se costuma dizer de bloqueio, em função de não querer admitir uma idéia diferente da sua. O que se discute, Vereador, é o problema do instrumento. V. Exa. sabe como é que se faz para obrigar um Secretário a prestar depoimento nesta Casa. É dificílimo! Então, se há uma questão urgente, a Casa não tem instrumento, a não ser que o Secretário tenha boa vontade. Agora, a ação política não pode depender de boa vontade, ela depende de fatos concretos. Então, se o Secretário tiver boa vontade, ele vem hoje à tarde, aqui, prestar depoimento sobre uma denúncia que foi formulada aqui. Porque a Casa não tem instrumentos para trazê-lo rapidamente. Não tem! Ao Ato de Convocação - se V. Exa. ler a Lei Orgânica e o Regimento Interno, é para as calendas gregas. Então, é esta a questão. Agora, a luz que vejo, no Projeto do Ver. Flávio Coulon, é que tenta dotar a Casa de um instrumento que a Casa possa utilizar. Talvez, até, esteja errada toda a estrutura feita pelo Ver. Flávio Coulon, e eu vou discutir o mérito dela. Agora, a idéia de ter uma Comissão de Fiscalização, acho excelente.

 

O Sr. Brochado da Rocha: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não vou discutir com V. Exa. o mérito. Acho que é uma distorção histórica da Casa, da Comissão de Finanças, o Orçamento ficar com o Governo.

 

O Sr. Artur Zanella: Não vejo distorção aí.

 

O Sr. Brochado da Rocha: Desde que aqui cheguei eis que era tradicional a ARENA e depois o PDS ficasse com esta Comissão. E a coisa foi andando de tal sorte que V. Exa. poderá verificar que a Comissão de Finanças e Orçamento tem todas as competências para acompanhar Projetos, para acompanhar orçamentos e até para aprovar as contas do Município de Porto Alegre.

 

O SR. HERMES DUTRA: Ver. Brochado da Rocha, isso é teórico. V. Exa. sabe que as contas chegam aqui dois anos e meio depois.

 

O Sr. Brochado da Rocha: Bem, aí depende de cada um e de cada qual. Somando ao que V. Exa. está dizendo, eu diria a V. Exa. também, já que tocou num assunto referente a tal pista, que também é matéria da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, opinar sobre execução de serviços e obras públicas até no que se refere à parte técnica. Tudo isto é competência das Comissões da Casa. V. Exa. poderá ir citando os casos aí e eu poderei, com o livro na mão aqui, evidentemente, dar as atribuições das Comissões Permanentes da Casa. Agora se elas não são exercidas, aí é outro problema.

 

O SR. HERMES DUTRA: Vereador, esta é uma discussão muito longa e acadêmica, além de roubar todo o tempo do Vereador que veio para discutir outro Projeto que não esse. Agora veja V. Exa. o seguinte: essas atribuições todas se referem a opiniões técnicas em relação a Projetos que tramitam na Casa. A idéia do Ver. Flávio Coulon - e agora fico eu de advogado do Vereador que nem no Plenário está - é ter uma Comissão de fiscalização específica. Vamos voltar ao caso da pista de eventos. A Comissão se reúne hoje e resolve que amanhã deve estar aqui o Sr. Secretário de Obras para prestar esclarecimentos, e amanhã ele deverá estar aqui sob pena de crime de responsabilidade, coisa que não tem no nosso Regimento instrumento.

 

O Sr. Brochado da Rocha: Não encaminharia a questão nestes termos, se a Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação, como qualquer outra Comissão da Casa, poderá contratar os técnicos devidos para fazer uma inspeção se aquela pista é assim ou assado. Nada impede. E soma-se a minha intervenção o fato de que, normalmente, os Vereadores têm colaboradores espontâneos, além daqueles que legalmente possuem. Me filio à corrente do Ver. Aranha Filho, achando que é viável o Projeto do Ver. Flávio Coulon, desde que revogue a existência da Comissão de Finanças.

 

O SR. HERMES DUTRA: Mas eu não afasto essa possibilidade, Vereador, foi o que eu disse. É que me pareceu que se está achando que não deva existir, porque vai haver dualidade com a Comissão. Se é necessária a Comissão do Ver. Flávio Coulon, vai ser a primeira decisão, agora, se para que essa decisão se operacionalize é necessário que haja a supressão de uma Comissão, faça-se a supressão dessa Comissão, se houver consenso na Casa.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Mas, nobre Vereador, quem sabe não está aí o "x" do problema. Quem sabe não se deveria dar maiores poderes às Comissões Permanentes. Com a nova Constituição, se nós, obrigatoriamente teremos de mexer na nossa Lei Orgânica, será que não devemos mexer, também, no nosso Regimento Interno, além da Lei Orgânica, dando essas atribuições ao Poder Legislativo, e não criando outros problemas como esse proposto pelo Vereador. Eu acho que irá existir uma dualidade de forças.

 

O SR. HERMES DUTRA: Bem, por último, Sra. Presidente, há aquilo que se chama de simetria do Direito brasileiro, como no Congresso Nacional há uma Comissão de Fiscalização, esta Casa não estaria fazendo absolutamente nada mais do que seguindo a dita simetria a que somos obrigados, em fazer uma Comissão de Fiscalização.

Mas, antes de concluir, Sra. Presidente, eu queria pedir meio minuto para comentar o assunto que me trouxe à tribuna, que é um Projeto de Lei de autoria deste Vereador, que muda uma Lei de autoria do nobre Ver. Ennio Terra, que é a Lei que proíbe a contratação de mão-de-obra locada. Ela mantém a proibição, mas abre-se a exceção para os serviços de higiene e limpeza, cujas justificativas acho despiciendo fazer para quaisquer de V. Exas. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Encerrado o período de Pauta, entramos no período de

 

GRANDE EXPEDIENTE

 

Primeiro orador, Ver. Kenny Braga, que transfere o seu tempo ao Ver. Luiz Braz, que está com a palavra.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, nós apresentamos, no ano de 1985, a pedido dos funcionários municipais, um Projeto de Lei que reenquadrava estes funcionários, que os colocava em suas devidas funções, mesmo que para estas funções eles não tivessem prestado concurso. E isto foi feito baseado na Lei Complementar n° 81/83 que esta Casa havia aprovado, Lei então de autoria do ex-Prefeito, Dr. João Dib e atendíamos o pedido dos funcionários apresentando este Projeto de Lei, apenas por um fato: que o Executivo Municipal não tinha tomado, até então, nenhum tipo de medida para contraditar uma lei que era julgada inconstitucional. E sendo assim, os funcionários municipais se achavam também no direito, aqueles que ainda não tinham ganhado o benefício, de também reivindicar ganhos iguais aos que haviam tido aqueles funcionários atingidos pela Lei n° 81/83. E, na ocasião, eu acredito que tenha sido muito mal compreendido por alguns companheiros jornalistas que disseram que eu estava entrando na Casa com um “trenzinho da alegria”, quando os “trens da alegria” sempre foram totalmente contrários a minha natureza de trabalho. Nunca apoiei nenhum tipo de “trem da alegria” e nem aqueles funcionários que reivindicavam que eu entrasse com este Projeto de Lei, reivindicavam nenhum “trem da alegria”, apenas o que não poderia existir era uma Lei que havia sido aprovada por esta Casa, uma Lei que existia e que dava guarida aos pedidos que eram feitos por aqueles servidores municipais e Lei esta que, de repente, era respeitada pelo Executivo, mas não eram dados, para os demais funcionários, os benefícios que esta Lei continha. Também o Ver. Jorge Goularte, logo após termos fracassado em nossa missão de tentarmos fazer justiça àqueles funcionários, tentou e também conseguiu, como eu também consegui,  a aprovação deste Plenário, mas como também aconteceu com este Vereador o Projeto foi vetado lá fora.

Acontece que, agora, na semana passada, o Pleno do Tribunal de Justiça acabou considerando nula a Lei Complementar nº 81/83 e se considerou nula esta Lei todos aqueles 3200 funcionários que foram efetivados perderam a sua condição de efetivos. Aqueles 3200 funcionários, não sei qual o destino deles: se eles se aposentaram, se prestaram a partir daí novos concursos, se alguns morreram, mas acontece que tudo que aconteceu com eles a partir desta Lei é considerado nulo. Pelo menos é isso que eu entendo. Esta aí o Ver. Caio Lustosa, que já foi procurador, poderia, até, me socorrer, mas eu acredito que a partir de um ato nulo não pode gerar nenhum ato válido. Veio o Secretário da Administração Municipal, o Dr. Gabriel Fadel e olha aqui o que ele coloca na matéria de sábado, dia 2, na "Zero Hora": "alguns benefícios, com o tempo, se consolidaram". Acho que o que pretende o Dr. Gabriel é apoiar algumas pessoas de quem gosta, de quem isso traz algum benefício para ele mesmo, porque ele vai ser candidato, e consolidar esses benefícios para que a administração socialista morena do PDT possa ter algum ganho com essa Lei. Não sei qual a diferença, como o Dr. Gabriel Fadel vai saber ou poder dizer quais os funcionários que tiveram seus benefícios consolidados após um ato nulo, de acordo com o Pleno do Tribunal, muito embora não seja um julgamento definitivo. Não sei como vão dizer quais os funcionários que terão benefícios consolidados e quais os que deverão sofrer os rigores da Lei.

 

O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. não foi derrotado, mas participou de um momento, teve seu Projeto aprovado e recebeu um Veto. Meu Projeto, apesar de ter sido, maldosamente, por alguns, colocado à opinião pública como “trenzinho”, etc., o que é mentira, porque de mentira e mentirosos, safados, esse Brasil está cheio, especialmente o Rio Grande, Porto Alegre e esta Casa, diante disso, foi vendida a imagem de uma situação errada. Cada vez mais acho que esses funcionários, funcionários concursados, efetivos, do Município, há 30 anos, alguns há 20 anos, efetivos, que tinham os mesmos direitos à época daqueles, ainda com emenda de minha autoria que não incluía os CCs, para que não dissessem que estava-se fazendo injustiças, cada vez mais esses funcionários têm direito de serem enquadrados como aqueles. Se, no futuro, for anulada a Lei, que seja para todos, não a alguns. Estou há 13 anos nesta Casa, completo-os este mês, e nunca vi um Projeto ser aprovado com 26 votos como esse, que espero sejam mantidos pelos Vereadores da Casa.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Ver. Jorge Goularte, depois do Tribunal ter considerado nula a Lei Complementar n° 81/83, acredito que as coisas mudam. Sempre declarei para aqueles funcionários que me procuravam para que nós apresentássemos aquele Projeto de Lei, que eu era contrário à Lei n° 81/83. Sempre me manifestei contrário à Lei n° 81/83, porque ela permitia que pessoas entrassem, pela porta dos fundos no quadro de servidores do Município. Então me manifestava contrário. Mas eu não poderia ser contrário a que funcionários do Município, efetivos, que prestaram concurso pudessem ser enquadrados tomando por base uma Lei que a Prefeitura Municipal, que o Prefeito Municipal respeitava. Tanto é que os 3200 funcionários que foram efetivados pela Lei n° 81/83 continuavam lá. Acredito que esta tenha sido uma negligência por parte do Sr. Prefeito. E essa negligência acarreta, agora, danos que são irreparáveis. É uma situação que fica, realmente, muito difícil de ser corrigida. E simplesmente, porque o Sr. Prefeito Municipal resolveu ser negligente. Agora, essa negligência do Sr. Prefeito Municipal, este tempo que ele levou para reconhecer que ele deveria, também, entrar na Justiça pedindo a inconstitucionalidade da Lei, este tempo foi o tempo que os funcionários também tiveram para que, de repente, pedissem a igualdade para eles de acordo com os benefícios que a Lei causava para outros funcionários, também.

 

O Sr. Cleom Guatimozim: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, uma sentença pode deixar de ser cumprida, se ela for juridicamente impossível de cumprir, ou fisicamente impossível de cumprir. Essa sentença é impossível de ser cumprida. Existem pessoas que não teriam mais condições de serem atingidas pelos cargos que estão galgando funções gratificadas e até diretores. Então é fisicamente impossível de ser cumprida, se houve, a sentença.

 

O SR. LUIZ BRAZ: É isto que estou dizendo, Ver. Cleom Guatimozim, que isto aconteceu pela negligência dos administradores.

 

O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Luiz Braz, eu desconheço os termos desta decisão do Tribunal que teria considerado inconstitucional a Lei n° 81/83. Mas desde logo, eu duvido que o Dr. Fadel, que também é integrante da Procuradoria do Estado, tenha dito que certa situação já se consolidou, e eu acho que houve, nos jornais, um apanhado errado de parte de quem redigiu a notícia. Porque se a Lei é inconstitucional e a investidura foi considerada ilegal, essa situação não se consolida nunca, como V. Exa. bem colocou, o que é nulo não produz efeito, isso a gente aprende no primeiro ano de Direito. Agora, o Ver. Cleom Guatimozim está raciocinado "ab absurdum", quer dizer, para os que morreram a situação se consolidou, mas os vivos que estão lá e que foram indevidamente enquadrados, esses são passíveis de perderem o enquadramento. Essa construção do nobre Líder do PDT de que a sentença é fisicamente inexeqüível, eu devo isso à imaginação fértil de S. Exa., e à criatividade não menos fértil que ele denota ter em todos os momentos, nesta Casa.

 

O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Uma pergunta, essa decisão do Tribunal deixa atônitos a todos. Aqueles que colocaram a mão no Fundo de Garantia, por exemplo, terão que devolver?

 

O SR. LUIZ BRAZ: Como o Ver. Caio Lustosa está dizendo, é provável que sim.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu não li a sentença, por isso eu discuto o assunto meio que soslaio, até porque não li a sentença. Agora, esta questão, sem entrar no mérito da Lei, veja bem, anteriormente havia uma Lei, que não foi feita pelo ex-Prefeito João Dib, chamada Lei Complementar nº 10, que dizia o seguinte: ao completar 10 anos o celetista passava a ser funcionário público. Estava na Lei. Então, o engenheiro era contratado, trabalhava 10 anos, o Município depositava Fundo de Garantia e etc, quando completava 10 anos ele passava a ser engenheiro do quadro estatutário. Essa era a Lei Complementar nº 10.

Se a sentença for como diz a notícia, isso aí vai dar um "imbróglio", porque a outra Lei também é inconstitucional, porque em 81 efetivou quem tinha nove anos, quem tinha dois anos, um ano, sei lá. Mas efetivou pessoas num painel de tempo de serviços diversos.

Então, se esta é ilegal, ilegal era a outra que dizia dez anos.

Eu não tenho, assim, estatísticas, mas acredito que todos os inativos da Prefeitura devem estar nesta situação, com raras exceções, e a metade do funcionalismo da Prefeitura deve estar nesta situação.

A situação é por demais complicada, eu vou pegar a sentença, vou lê-la e voltarei a discutir o assunto.

 

O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, eu acho que este fato aí, esse risco inclusive de se cometer injustiça sob o ponto de vista do funcionalismo como um todo, nos induz a ver como essas questões do Direito Administrativo, Direito Estatutário, quando feitas casuísticamente, certas leis e certas normas que pretensamente dão vantagens ao funcionalismo, mas contrariando o dispositivo que deve estar lá, que está sempre invariavelmente nas Constituições, mas que não é cumprido, de um concurso público obrigatório para a função pública, é isso o que dá.

Quer dizer, então, são uma série de transgressões do princípio maior que é o de tornar o cargo público privilégio daqueles que fazem o concurso público. Mas como se deturpou essa norma maior do concurso público e se enveredou para essa figura absurda da CLT no funcionalismo, aí é um caos que não se encontra remédio, o único remédio seria, agora, neste processo da Constituinte, de resolver situações como esta e, aliás, as outras Constituintes fizeram isso, que é uma prática que não é da Revolução de 64, vem de quinhentos anos de Brasil. Isto é, cada Governo colocar os extranumerários, os afilhados, sem concurso público. A norma maior do concurso público vem sendo sempre violada e gera estas situações de anomalia, acabando-se votando um bumerangue contra os próprios funcionários que acabam ingressando pelas dos fundos, porque não há outra forma de entrar, porque não fazem concursos e se criou esta situação de verdadeiro caos em matéria de funcionalismo e carreira funcional. Por isso que o servidor público, o funcionalismo todo, vive numa permanente inquietação.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) É uma observação muito rápida, Ver. Luiz Braz, justamente eu me preocupava com esta questão, inclusive separava o recorte para comentar, aqui, em Plenário. Eu discordo do Ver. Hermes Dutra quando ele tenta fazer um paralelo entre a Lei n° 81/83 e uma Lei anterior. Numa Lei anterior se estabelece um parâmetro, são funcionários que têm 10 anos. Dez anos é um tempo razoável se nós levarmos em conta que a aposentadoria se dá entre 25, 30 anos, é, no mínimo, um terço da vida funcional do cidadão. Agora, foi diferente da Lei n° 81/83 que efetivou gente que tinha acabado de entrar um mês antes. A Lei n° 81/83 foi escandalosa, ela foi corrupta, é um pouco diferente. Eu acho que pode ter no padrão legal semelhança, agora, no padrão ético elas não têm nada a ver uma com a outra. Elas são bem diferentes. Vale igual, inclusive, a questão das aposentadorias que se discute, neste momento, no Estado. E eu só lastimo esta resposta do Sr. Secretário Fadel, talvez até porque ele esteja preocupado com o que ele vai fazer com os quinhentos e poucos funcionários que entraram pelas portas dos fundos, agora, na Administração do PDT; por ordens de serviço, pelo artigo 111 e por aí a fora, eu tenho a lista inteira. Porque, realmente, me parece que se o Secretário Fadel não souber onde estão os três mil e duzentos funcionários, aí sim, eu vou ficar preocupado, porque eu imagino que a Secretaria de Administração tem uma ficha funcional com condições de localizar todo e qualquer funcionário ou servidor público municipal e, a partir daí, localizados, tem que se cumprir a Lei. As conseqüências são estas que o Ver. Caio Lustosa comentou e o Ver. Hermes Dutra abordou, acaba “pagando o pato” o funcionário que, na maior parte das vezes, não pediu para levar. E, no caso da Lei n° 81/83, houve um número muito grande que foi envolvido no pacote para não dar na vista. Gente que já tinha nove anos... Então, a minha preocupação é neste sentido. Agora, me parece que há uma diferença entre a Lei antiga que bem ou mal dava um parâmetro razoável e a Lei n° 81/83 que, realmente, foi escandalosa.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Para encerrar, nobre Presidente, eu quero deixar registrado aqui o fato de que me alarma muito a declaração do Secretário Fadel, que disse que alguns benefícios já estão consolidados através do tempo, e eu não sei quais são esses funcionários que ele pretende fazer com que tenham seus benefícios consolidados, e me manifestar, mais uma vez, contrário à Lei Complementar n.º 81/83 de autoria do Dr. João Dib, e dizer que o Projeto de Lei apresentado aqui, nesta Casa, e aprovado neste Plenário, e vetado pelo Sr. Prefeito Municipal só foi apresentado, porque tomava por base esta Lei, que era respeitada e executada pelo Sr. Prefeito Municipal. Nada mais do que isto. Se houve negligência, foi por parte do Sr. Prefeito Municipal, e agora ele terá que arcar com as graves conseqüências. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Antes de passar a palavra ao próximo orador, eu solicito ao Ver. Luiz Braz que me substitua na Presidência, para evitar que eu esteja em colóquio e não aceite um aparte.

 

(O Ver. Luiz Braz assume a presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra, o Ver. Lauro Hagemann.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o motivo da minha presença na tribuna, nesta tarde, é para falar de um assunto que está preocupando um vasto setor da comunidade bancária do nosso Estado. Quero-me referir, especificamente, à possibilidade de fechamento até da Caixa Econômica Estadual. Este é um assunto que vem sendo discutido por aqueles funcionários que, recentemente, estiveram reunidos num congresso nacional, e que está no bojo de uma reforma bancária, da qual a sociedade brasileira não está sendo suficientemente informada.

Acontece que o sistema financeiro nacional, com base em promessas do Banco Mundial, está promovendo a reforma do sistema bancário. Tenho em mãos, e embaso o meu pronunciamento neste documento, um alentado trabalho de uma secção especializada do Sindicato dos Bancários do Rio de Janeiro, em que é analisada esta questão. O Banco Central anunciou, recentemente, o propósito de promover a reforma bancária ainda em 1988, com recursos financiados pelo Banco Mundial. A base desta reforma bancária está na criação dos chamados bancos múltiplos. E aqui cabe um pequeno retrospecto: o sistema bancário atualmente em vigor no País, data de 1964 e cada banco tem um setor especializado, ou cada banco é um banco especializado. Pela nova metodologia, todos estes bancos especializados seriam passíveis de fusão e transformados no que se chama, modernamente, de banco múltiplo. Isto produziria, num primeiro instante, o imediato fechamento de várias agências deficitárias e, consequentemente, o desemprego de milhares de funcionários, nas mais variadas agências existentes no País. Só para citar um dado, em 1964, havia 6.500 agências bancárias em funcionamento, no País. No final de 85, este número subia para 16.000 agências, atingindo 98% dos municípios brasileiros. Esta reforma bancária, que está sendo pretendida pelo Banco Central, através de uma resolução pura e simples do Conselho Monetário Nacional, sem passar pelo exame do Congresso Nacional, é uma das tantas tramóias que se estão praticando atualmente no País. Isto significa que a sociedade brasileira não terá possibilidades de examinar, com maior clareza, as conseqüências desta funesta reforma bancária que se pretender impingir. Ora, Srs. Vereadores e Sr. Presidente, no bojo desta reforma bancária, com a criação dos famosos bancos múltiplos, está em jogo a sobrevivência dos bancos estaduais e das caixas estaduais. Isto pela elevada taxa que vai ser exigida pelo Banco Central, para o prosseguimento das atividades destes bancos regionais. Além disto, ele ficarão circunscritos, pelas exigências do Banco Mundial, ao financiar este projeto nos seus setores de atividades inerentes às regiões em que atuam; nós, aqui, por exemplo, ficaríamos limitados ao financiamento de crédito agrícola por parte do Banco do Rio Grande do Sul, por exemplo. A CEE ficaria circunscrita apenas a uma caixa que recolheria depósitos de poupança, e com isso veríamos diminuído, sensivelmente, o círculo de atuação dos nossos bancos regionais, o BERGS e a CEE. Isto tudo faz parte de um sistema que vem sendo imprimido pelas autoridades financeiras brasileiras, no sentido de restringir a atividade dos bancos regionais, obrigando os governos estaduais, que se socorrem desse bancos regionais nos seus imediatismos de aperturas financeiras, a irem mendigar nos sistema financeiro nacional, isto é, junto aos organismos federais de financiamento.

É uma política diabólica de restrição que se faz à atividade mais ou menos liberta das administrações estaduais e regionais com vistas ao atendimento de suas necessidades específicas.

 

O Sr. Mano José: V. Exa. permite? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu o parabenizo pelo pronunciamento que faz a respeito da nossa Caixa Estadual, e parece que o Governo está interessado, na sua anarquia administrativa e econômico-financeira, e realmente, anarquiza aquilo que vem funcionando bem. Acho que o Governo deveria se preocupar com aquilo que é instituído pelo Banco Central, cheque forte, cheque especial, cheque ouro, e de toda a natureza. Pergunto a V. Exa. se já tentou fazer o pagamento com cheque especial seja lá de que Banco for, no Banco do Estado do Rio Grande do Sul? Não aceitam; simplesmente, não aceitam. E o Governo do Estado, por exemplo, manda que o Imposto sobre Veículos seja pago somente no Banco do Estado do Rio Grande do Sul, e os contribuintes, após permanecerem horas na fila, chegam no Caixa e a pergunta deste é a seguinte: “É cliente do Banco?” Resposta: "Não." "Então, não aceito seu cheque." "Mas é Cheque Ouro do Banco do Brasil, é Cheque Especial da Caixa..." "Não interessa, não aceitamos cheques." É mais um serviço em que o Governo do Estado, através do Banco do Estado do Rio Grande do Sul, se propõe a entrar nessa canoa que V. Exa. agora denuncia, de anarquia no Estado e no Governo Federal, no setor sócio-econômico, especialmente no financeiro, o que é lamentável que se venha querer terminar com a Caixa Econômica Estadual, que presta excelentes serviços à comunidade do Rio Grande do Sul.

Me congratulo, mais uma vez, com o pronunciamento de V. Exa. e deixo, neste aparte, já, o protesto contra o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, pela forma como atende aos clientes do Estado, digamos assim, que devem pagar o Imposto Sobre Propriedade de Veículos, e o Banco do Estado não recebe este Imposto se for com cheque que não seja do seu Banco. Muito obrigado.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: O aparte de V. Exa. me leva a dizer que não tenho procuração para defender o Banco do Estado do Rio Grande do Sul, mas, no meu entendimento, o Banco do Estado do Rio Grande do Sul é mais uma das vítimas dessa funesta reforma bancária que se pretende estabelecer no País. Não vou passar atestado de inocência ao Banco do Estado, porque talvez ele cometa alguma irregularidade até por inadvertência, por ignorância, por má fé, ou seja, lá por que natureza for, mas a minha análise se prende ao movimento global do sistema financeiro nacional, com a pretendida reforma bancária proposta pelo Banco Central.

Eu quero dizer, para finalizar, que esse estudo, embora tenha partido de um sindicato de trabalhadores bancários, ele não é uma defesa corporativista, ele conclui pelas graves e danosas conseqüências que advirão para os bancários, em primeiro lugar, com a redução do número de empregos. Ele também aborda as conseqüências para o próprio sistema financeiro nacional como diz o documento: "a se manter o rumo dos acontecimentos em curso o processo de reorganização dos bancos e sua transformação em bancos múltiplos, levará certamente a uma maior cartelização do sistema financeiro. E esta reforma pode abrir ainda mais espaços dos bancos estrangeiros no Brasil, inclusive atuando como bancos múltiplos".

Outro aspecto que o documento aponta é para a conversão da dívida externa em investimento direto que poderá ser beneficiado com a reforma bancária. Ele aponta as conseqüências danosas para a população, diz que a reforma bancária já está provocando uma mudança radical dos padrões de atendimento ao público. V. Exa. acaba de citar um. Os bancos não estão atendendo na devida conta os clientes. Filas enormes se formam e isso vai ficar ainda pior se mais agências forem fechadas. Muitos múltiplos do interior não terão mais agências bancárias.

 

O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) V. Exa. com muita propriedade toca um assunto de extrema importância. Parece-me - parece não, é uma certeza de que há um interesse generalizado para que os grandes bancos internacionais tomem conta definitivamente de tudo aquilo que é nosso. Então, até este problema de mau atendimento, este problema de horário estrangulado, deveria ser livre para que houvesse interesses maiores em atender o cliente. Isso faz parte de uma política de deterioração das casas bancárias do nosso Estado, especialmente a Caixa Estadual e o BANRISUL que prestam grandes serviços e que não podem ser fechadas por uma penada ou por um parecer de um diretor do Banco Central, que não sei a que pretexto pretende retirar dos Estados os seus bancos e as suas Caixas. Cumprimento V. Exa.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Em atenção ao aparte de V. Exa. quero dizer que não vou-me ater a todos os itens deste alentado documento, são 23 páginas, mas ele também se refere a este aspecto levantado por V. Exa.

 

O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Ver. Lauro Hagemann, eu tenho acompanhado também com V. Exa. esta questão da pretendida extinção das Caixas Estaduais. Realmente isto está dentro de toda uma estratégia que inclusive se liga à questão da dívida externa. O City Bank, por exemplo, é o maior credor, vê-se que o City Bank, hoje, está anunciando creditar, diariamente, juros e correção monetária nas contas-correntes. As Caixas Estaduais não podem fazer isto.

Então, há todo um processo de indução e de invasão, como bem coloca o Ver. Jorge Goularte, do sistema bancário nacional, e daí nós podemos, desde logo pressentir como vão-se suceder as coisas daqui por diante. É todo um processo de concentração e desnacionalização do sistema bancário nacional, que está em marcha, inclusive com a cobertura destes senhores do Banco Central, que se formos examinar o currículo de cada um, estão todos ligados aos bancos de fora. E este Conselho Monetário Nacional é outra gangue que tem mais poder do que o Congresso Nacional sobre o País inteiro, basta dizer que cada resolução do Banco Central é uma lei que funciona com mais força do que qualquer lei votada pelo Congresso.

Então, realmente, a situação é preocupante e acho que tem que haver uma reação coletiva contra tudo isto.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sou grato a V. Exa. pelo aparte e deixaria, por fim, o exame do documento, no que se refere aos reflexos sobre a economia.

 

O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Nobre Vereador, eu concordo com quase tudo no que foi dito aqui, e eu também estou estudando este problema e estou estudando com bastante apreensão, porque se V. Exa. tiver o trabalho de ler o Parecer da Auditoria sobre o último balanço da Caixa Econômica Estadual, V. Exa. vai ter uma surpresa muito grande sobre as sérias restrições que esta Auditoria faz aos resultados desta Caixa Econômica. Ela está num vermelho bastante grande e não se vê perspectiva de ela, em curto prazo, sair deste vermelho, embora notícias oficiais a cantem como superavitária. Mas, na realidade, a coisa não é bem assim.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Os eventuais desvirtuamentos das finalidades das Caixas Econômicas ou BANRISUL não justificam a pressão que se está exercendo para a inviabilização do prosseguimento das atividades desses organismos. Isso também está contido no documento que diz que a campanha política de 82 foi fartamente financiada com recursos captados à cotação oficial e depois oneradas com um superdimensionamento exigido pelo Banco Central, tornando ilíquidos os contenciosos dos Bancos e das Caixas Estaduais.

Quero-me referir apenas ao reflexo danoso que terá esta reforma bancária para a economia como um todo. Diz o documento: “Até o momento nada se vislumbra nesta nova reforma bancária que possa gerar algum benefício à economia. Ela não visa alterar os padrões de financiamentos do sistema federal, mas tão-somente reduzir os custos operacionais dos bancos e aumentar a sua lucratividade.” E a frase final, “Em suma, a nova reforma bancária leva o sistema a ser cada vez menos um instrumento para o desenvolvimento da economia prestando-se, cada vez mais, à concentração de capital e à especulação financeira dos grandes grupos empresariais”.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para a balança comercial, isso é desejável e bom, mas, no momento em que se transformar esses dólares em cruzados e que o Governo vai ter que entregar os cruzados às empresas, evidente que vai trazer emissão de moeda e inflação. Isso qualquer economista formado há um mês sabe que ocorre, mas não está isso sendo anunciado e colocado pelo Governo tudo isso é transformado em cruzados que o Governo emprega ao credor, o que só vem de emissão ou de compra de dólares, fatos que trazem inflação novamente.

 

O SR. LAURO HAGEMANN: Sou grato ao aparte do Ver. Artur Zanella e para encerrar devo dizer que o exame da situação nacional comporta os mais variados aspectos. O que eu quis trazer à baila, hoje, foi a defesa do prosseguimento das atividades da Caixa Econômica Estadual como uma instituição financeira que, embora tenha tido os seus desvirtuamentos, merece continuar existindo para o benefício da economia regional. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Com a palavra o Ver. Kenny Braga.

 

O SR. KENNY BRAGA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Venho acompanhando as atividades nesta Casa diariamente ou quase que diariamente há 10 anos. Em princípio, como jornalista profissional, como Chefe de Gabinete de Imprensa desta Casa que ajudei a fundar e, hoje, na condição de Vereador. Posso dizer que o balanço do que tenho visto aqui das atividades desenvolvidas por esta Casa é amplamente positivo. As virtudes da Casa são muito maiores e muito mais expressivas do que os seus eventuais erros. Porém isso não significa que todas as práticas e todas as atividades tomadas por esta Casa sejam corretas e dignas de aplausos.

Eu venho tendo, nos últimos anos, e chamo atenção para o assunto que foi focalizar neste momento porque é de muito importância para a vida desta Casa, eu venho me apercebendo, nos últimos tempos, em conversa com pessoas inteligentes, pessoas sensíveis desta comunidade do erro que estamos cometendo em relação à concessão dos títulos de cidadania. Tenho observado, nos últimos tempos, que esta Casa está se especializando na concessão de uma enxurrada de títulos de cidadania, sem um critério mais firme, mais conseqüente, que possa definir a escolha dos homenageados. A impressão que me fica e é uma impressão dolorosa é de que alguns Vereadores - evidentemente que estou falando de um modo geral não estou personalizando nada. Alguns Vereadores usam o expediente da concessão do título de cidadania, única e exclusivamente, para aumentar seus apoios eleitorais durante a eleição. A concessão do título de cidadania está-se banalizando nesta Casa. Como não desejo que este parlamento, esta Casa Legislativa banalizem suas atividades, que essa Casa mediocrize suas atividades, peço a atenção dos Srs. Vereadores para que, num esforço conjunto, nós possamos modificar a situação. Hoje não existe na Casa nenhuma limitação para a concessão do título de cidadania. Isto é de exclusiva competência de cada Vereador. E se aportar nesta Casa, o que não desejo, um Vereador aventureiro e tresloucado, o que não desejo, poderemos ter a concessão de 365 títulos de cidadania por ano, um título por dia, e não há nada que impeça isto.

Então, Ver. Caio Lustosa, espero que encontremos uma maneira de disciplinar a concessão do título de cidadania.

Tenho conversado com algumas pessoas dignas desta homenagem, pessoas altamente competentes e respeitáveis nas suas atividades. E essas pessoas, simplesmente, não querem que se cogite o nome delas, porque o título de Cidadão de Porto Alegre está excessivamente banalizado. Isto é um assunto muito grave, porque de repente o Vereador faz uma escolha criteriosa, uma escolha conseqüente, e o cidadão que vai ser homenageado declina dessa homenagem para não juntar-se a outros homenageados que, segundo ele, não têm mérito para receber o título de cidadania.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vai falar alguém que até não deu nenhum título. Efetivamente V. Exa. tem razão, mas não na última parte que diz que alguns não gostaram das escolhas. Eu não tenho, até hoje, por que pedir escusas dos que votei a favor, mas que o perigo existe, existe, existe mesmo.

Existe, também, o outro perigo, que é o sistema de votação do Cidadão de Porto Alegre, que por ser secreto e exigir dois terços dos Vereadores da Casa, termine criando problemas, porque quem vota melhor e com maior eficácia é quem não aparece por omissão. Eu creio que V. Exa. tem razão, vou apresentar alguns títulos que até me cobram, porque nunca apresentei nenhum, mas eu creio que devemos deixar essa legislação pronta para a próxima Legislatura, para não dizer que o fulano que antes deu, agora está votando contra.

Mas acho que V. Exa. tem razão, e o sistema de concessão de título de Cidadão de Porto Alegre está sendo feito de forma muito pródiga. Isso traz a possibilidade de uma pessoa que não pediu para ser Cidadão de Porto Alegre, como é o caso do Irmão Otão e do Falcão, e outros que são retirados e, o próprio Governador Pedro Simom que não pediu Título nenhum e, se faz essa celeuma toda.

Então, eu creio que devemos fazer uma legislação para o futuro, mas com critérios para evitar os projetos que já entraram e que trariam mais problemas.

 

O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Já houve um Projeto de Lei disciplinado os Títulos, foi rejeitado pela Casa; há um Projeto de autoria do Ver. Frederico Barbosa, que tramita na Casa, atualmente, também limitando a concessão, a meu juízo limita muito pouco. Olham que eu tenho feito bastante uso desse direito, mas eu acho que isso é uma questão de cada um assumir. Agora, eu acho que se a pessoa não merece, eu acho que tem que ser dito da tribuna que essa pessoa não merece.

 

O Sr. Cleom Guatimozim: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu dou aplauso à manifestação de V. Exa. e, declaro, que esses anos todos que me encontro nesta Casa, apresentei apenas dois títulos, porque acho que esse Título tem que ser muito valorizado e oferecido à pessoa certa. Mas, em contrapartida, não votei contra nenhum Título apresentado aqui nesta Casa.

 

O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Ver. Frederico Barbosa há pouco tempo nos procurou, no sentido de apoiarmos uma idéia de que cada Vereador, por ano, fizesse uma indicação, valendo para qualquer Titulo. Parece-me que é um critério e deveríamos pensar muito bem nisso.

 

O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Kenny Braga, eu me somo a esta preocupação de V. Exa., eu acho muito adequada e tenho sentido, realmente, essa ojeriza, de muitas pessoas de bem da sociedade de serem homenageadas com esse Título, porque está realmente descaracterizada pela inflação, tanto pela quantidade, como até pela qualidade de certos homenageados. Houve uma verdadeira inflação.

E quanto a esse risco que ocorre, e, eu acho que é uma coisa bem concreta, de ele se prestar ao clientelismo eleitoral é de toda a evidência, inclusive, eu próprio, há muito tempo, fui sondado por um intelectual amigo meu que trabalha com publicidade, sobre as chances que teria determinado empresário de alto coturno, de receber um Título desses. Eu disse: “Ah! Que tem, tem chance, mas eu não vou apresentar”.

 

O SR. KENNY BRAGA: Eu estou feliz, Ver. Caio Lustosa, porque me perece que o assunto é bom, por isto mesmo eu concedo o aparte ao Ver. Frederico Barbosa que está chegando e que já se interessou por este assunto, tanto que já apresentou um Projeto neste sentido.

 

O Sr. Frederico Barbosa: Vereador, na expressão popular “peguei o bonde andando” porque cheguei atrasado e V. Exa. estava neste assunto, mas pelo que vejo, o Ver. Flávio Coulon me informava, V. Exa. falava sobre a proliferação de Títulos.

 

O SR. KENNY BRAGA: Sobre a proliferação e a banalização.

 

O Sr. Frederico Barbosa: Neste sentido Vereador, há pouco tempo, por força do Regimento, no final do ano, a minha proposta foi arquivada e solicitei o desarquivamento que já tramitou então, a Comissão deverá estudar o Projeto que é, realmente, a concessão de um Título por Vereador, mas eu já gostaria de deixar a V. Exa. bem claro, inclusive, em nenhum momento sou e nem serei, é uma convicção muito pessoal, contra as Sessões Solenes, e, digo mais, até porque sou um dos que, por força do Regimento, presidido as Sessões e fico aqui para as Sessões. Sou favorável a que se tragam novos segmentos sociais, que muitas vezes não viriam à Casa senão em homenagem. Então eu não sou contra as Sessões. Sou contra, isso sim, à proliferação dos Títulos e um critério, por isso o Projeto está aí para ser analisado e V. Exa. poderá nos ajudar e muito, um critério tem que ser estabelecido, alguma coisa tem que ser feita. Eu sugeri um que me pareceu lógico, no momento, mas que poderá ser aprimorado, negado ou aprovado como assim achar o Plenário.

 

O SR. KENNY BRAGA: Ver. Frederico Barbosa, muito obrigado pelo aparte, obrigado a todos os aparte antes e eu quero dizer o seguinte, nós precisamos adotar um caminho. Não sei qual é o caminho. Este caminho será escolhido de acordo com o atendimento da maioria dos componentes deste Plenário. Isso não é uma matéria que diga respeito a um único Vereador. A solução para este problema, que é um grave problema, deve ser encontrada através da contribuição de cada Vereador individualmente. E, deste somatório de contribuições, nós chegaremos ao melhor critério. O que não pode é continuar como está, porque o Vereador poderá, aqui, apresentar, durante o ano Legislativo, vinte, trinta, quarenta títulos de cidadania e não há nada que o impeça disso. Claro, eu estou raciocinando pelo lado absurdo, mas isso pode ocorrer, porque não há um dispositivo que impeça o Vereador de fazer isso. Então, o primeiro passo nesse sentido é nós encontrarmos uma saída para este problema. Não podemos permitir que honrarias desta Casa, sejam quais forem, se banalizem pelo excesso de uso e porque alguns Vereadores, infelizmente, não se aperceberam da grandeza das honrarias entregues por esta Casa, e usam estas mesmas honrarias simplesmente para garantirem o voto nas próximas eleições. Fazem exatamente o que o Ver. Caio Lustosa disse: é um simples clientelismo político. Não é político, é um simples clientelismo eleitoreiro.

 

O Sr. Antonio Hohlfeldt: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Kenny Braga, acho que voltar a este assunto nunca é demais e, se não me engano assinei, a pedido do Ver. Frederico Barbosa, aquele Projeto de Lei de sua autoria que acho que é um limite, um referencial. Agora, ao mesmo tempo ouvindo V. Exa. e um dia desses vendo a tabela de Sessões Solenes, eu estava pensando que, em condições de minutas, esta Câmara repete o Centrão na Constituinte. Nós acabamos trocando troféus, títulos por determinados favores, que eu não sei exatamente quais são, em muitos casos, eu não quero generalizar. E é fácil nós vermos isso no significado do papel social das pessoas homenageadas. Eu não quero entrar nas suas vidas particulares, é outra questão. Nós não deveríamos estar homenageando o cidadão pela sua vida particular e sim pelo o que ele presta de serviço à Cidade de Porto Alegre. Então nós vemos o diferente resultado destas Sessões. Sessões que realmente merecem destaques respeitosos nos meios de comunicação porque o cidadão, realmente, tem um papel significativo - e eu quero citar, aqui, um exemplo, que não fui eu que apresentei, e me sinto muito tranqüilo, do escritor Luiz Antônio de Assis Brasil, Projeto do Ver. Rafael dos Santos. Indiscutivelmente, ele é, hoje, um dos maiores nomes da literatura do Rio Grande do Sul. Como tivemos, há tempos atrás, o próprio Falcão, que é um referencial. Eu posso não ter maiores relações com ele, pessoalmente, mas, evidentemente, ele é um referencial para a Cidade e para todo o Rio Grande do Sul. É uma homenagem digna, que deve ser feita. Ou, como foi, há algum tempo atrás, a Antonieta Barone, cito-a lembrando o Ver. Frederico Barbosa. Enfim, tantos nomes, de vários setores. Agora, nós temos restringido, cada vez mais, a referência do homenageado, exatamente numa troca, às vezes até sob constrição. Eu confesso que, num dia destes, eu me senti constrangido porque um amigo muito chegado, que não tem ainda 40 anos, queria receber esta homenagem da Casa. Eu disse a ele: olha, quem sabe tu esperas os 60 anos, porque aí eu acho que seria bem mais conseqüente e coerente, pois, dos 40 aos 60, pode dar uma louca no mundo, o cidadão muda o caminho...

Concluindo, Vereador, eu acho que formalizarmos num Projeto é bom, mas, ao mesmo tempo, eu fico pensando que é triste nós termos que fazer isto por Projeto, quando, na realidade, deveria ser a responsabilidade de cada um de nós. E, daí, parece que vai muito da posição do Vereador. Ele, talvez, misture os seus interesses particulares com aquilo que ele tem aqui e que é uma representação e que fala em nome de uma instituição, criando um problema para a própria instituição. O Vereador vai embora, mas é a Casa, a instituição que fica marcada e ridicularizada em certos momentos.

 

O SR. KENNY BRAGA: Agradeço a todos os aparteantes. Só conclamaria os meus pares para que toda a apresentação de Projeto de cidadania fosse precedida de um amplo entendimento neste Plenário, para que não se criem situações de constrangimento neste Plenário, para que não se criem situações de constrangimento aqui. Muitas vezes, o Vereador decide, solitariamente, apresentar um Projeto neste sentido e cria uma contingência de rejeitar ou aprovar o projeto. Se houvesse um diálogo anterior, não correríamos este risco.

 

O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Seriam necessárias várias horas de profunda meditação para se chegar ao início do encaminhamento de uma solução, porque valores éticos, misturados com folha de administração de serviços prestados à Cidade e valores pessoais de cada Vereador, é uma matéria de difícil interpretação, dificílima, e que eu não teria condições de iniciar um diálogo desta natureza. Nem a inteligência de V. Exa. e dos demais pares desta Casa teria condições, porque a representatividade do Vereador vai desde o mais humilde servidor desta Cidade ao mais ilustre professor universitário desta Casa. Se me perguntarem quais são os meus valores, terei que pensar muito para procurar ordená-los. V. Exa. coloca uma matéria importante, de profunda meditação, mas de difícil solução para esta Casa.

 

O SR. KENNY BRAGA: Justamente, e para encerrar, quero dizer que para que as honrarias desta Casa tenham um significado mais amplo é que estou colocando este problema ao debate. Eu não quero que as honrarias desta Casa se banalizem, e que junto com a banalização das honrarias, também se banalizem as iniciativas dos Vereadores nesse sentido. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Frederico Barbosa): Com a palavra o Ver. Mano José.

 

O SR. MANO JOSÉ: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, darei o aparte que não dei ao Ver. Kenny Braga, porque o seu tempo já estava esgotado, e direi aos colegas que, realmente, o assunto que o mesmo abordou é de capital importância para esta Casa, se considerarmos que chegam aqui as pessoas a serem homenageadas, e olham para o Plenário e não encontram Vereadores! E não encontram Vereadores! E quero dizer a V. Exas. que a minha ausência tem sido sistemática, desde o dia em que assisti a uma Sessão em que era homenageado um determinado cidadão e que eu conhecia quase todas as pessoas que aqui tinham vindo, para assistir à homenagem a determinado cidadão. Fiquei conversando com ele, e fui cumprimentá-lo, era meu amigo, e a boca pequena, depois ouvi que eu estava "tirando casquinha" dos convidados de A, B ou C. Não assisti mais, deixei de saber se vêm aqui amigos ou inimigos meus, simplesmente tenho assistido, sempre que posso, às homenagens que são feitas pelos elementos da minha Bancada, para não constranger ninguém.

E veja V. Exa., Ver. Kenny Braga, quando V. Exa. diz que deve haver um entendimento prévio, mas quero dizer que não foi uma nem duas vezes que assisti Vereador que vai homenagear determinada personalidade passar com antecedência e perguntar: "Concordas em dar o título de cidadão para o Fulano de Tal? Então assina aqui". E o sujeito assina, e posteriormente, desta tribuna, até fala contra a homenagem a ser prestada. Então, não sei realmente, é muito difícil que haja efetivamente um entendimento prévio capaz de não constranger a quem não pediu homenagem.

De qualquer forma, acho que deva se fazer alguma coisa para que as homenagens, nesta Casa, não sejam a todos indistintamente, e há pessoas que muitas vezes aportam na nossa Cidade e ainda nem disseram por que vieram, quanto mais terem prestado algum serviço a esta Cidade e estão sendo homenageadas pela Casa. Não é uma crítica, é um alerta, me juntando às palavras do Kenny Braga, para aproveitar a dizer alguma coisa.

 

O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite? (Assentimento do orador.) Inicialmente, diria que V. Exa. é meu convidado sempre em qualquer solenidade que eu proponha, ou esteja, porque é uma honra recebê-lo, porque V. Exa. já me homenageia comparecendo às Sessões. Por outro lado, me parece que num ano eleitoral, deveria existir um prazo para que fossem apresentados os projetos, e me parece que o prazo deveria ser de, no mínimo, 6 meses antes das eleições, porque aí teria a condição de demonstrar que não seria um ato eleitoreiro e ficaria este processo, inclusive para a próxima Legislatura. Outra Legislatura faria a análise do processo a ser apresentado em situações destas.

 

O SR. MANO JOSÉ: Já é um critério, mas também outro critério poderia ser realmente o proponente provar aos seus pares, quer pessoalmente, individualmente a cada um, ou em Bancada, realmente os serviços prestados pelo determinado cidadão à Cidade de Porto Alegre para ser homenageado pela sua maior representatividade. Seria outro critério. Sei que o Ver. Frederico Barbosa apresentou um Projeto, e eu honestamente não lembro agora e dou o aparte a V. Exa.

 

O Sr. Frederico Barbosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, o Projeto basicamente seria o limite de apresentação de um título por ano a cada Vereador. Ou seja: teríamos no máximo a apresentação de 33 títulos. Neste ponto, Vereador, como disse, e gosto de dizer isto e tenho convicção de que às vezes as Sessões Solenes são mal interpretadas. Acho que esta Casa, que ultimamente tem visto os Plenários cheios nas Sessões Solenes, repletos, melhor dizendo, trazem algumas homenagens, segmentos sociais que não vêm normalmente assistir ao nosso trabalho. Presidindo os trabalhos tenho notado isso; então não sou contra. Se todos os 33, dentro do Projeto que defendo, mas que pode ser aprimorado, aplicarem os dispositivos do Projeto, nós teríamos 33 títulos por ano. Isso significa que nem estamos restringindo tanto o nosso trabalho das terças e quintas, porque temos 52 semanas por ano, fora o recesso, em que se faz este tipo de homenagem. Então o meu intuito não é restringir o número de Sessões.

E tem outro detalhe: V. Exa fala da qualidade, da exposição da qualidade do homenageado. Na verdade este é um item que acho primordial na apresentação, mas na restrição, também, do número faz com que cada um de nós tenha que realizar uma síntese dentro daqueles que nós gostaríamos de homenagear, ou seja, temos que escolher um entre todos. Me parece que o Ver. Jorge Goularte poderia trabalhar também a sua idéia junto com o Projeto ou redigir outro, porque eles não colidem. Nós podemos ter os 33 apresentando um só e o prazo de eleição pode também ser usado. Muito obrigado. Desculpe o aparte.

 

O SR. MANO JOSÉ: Agradeço o aparte de V. Exa. e porque antes o nobre Ver. Jorge Goularte disse que gostaria de me ver aqui nas Sessões propostas por ele, que seria um prazer. Não! É obrigação minha estar aqui! É obrigação minha, e se não estou - digo-lhes agora - é por constrangimento pessoal. Por constrangimento pessoal não tenho comparecido às Sessões Solenes aqui de entrega de títulos de Cidadão Emérito e Cidadão de Porto Alegre. O título de Cidadão de Porto Alegre é tão importante que recordo Aloísio Filho, que se jactava, naquela ocasião, já com 24 ou 25 anos como Vereador de Porto Alegre e Presidente desta Casa durante muitos anos, dizendo que nos 200 anos de Câmara Municipal, a Câmara tinha dado 25 títulos de Cidadão de Porto Alegre. Não existia o Cidadão Emérito, criado, agora, nesta Legislatura que, realmente, está sendo dado por quem bem entende, por quem quer, por quem apresenta um Projeto de Resolução. Sem críticas a quem quer que seja, apenas emendando ao assunto do nobre Ver. Kenny Braga.

 

O Sr. Artur Zanella: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que nós podíamos incluir também o Executivo, porque, na semana passada foram dadas 25 ou 30 medalhas de Porto Alegre. Alguns eu já conhecia, outros, conheci naquela oportunidade, mas dão de uma vez só, trinta e tantas medalhas. E no fim do ano entregam mais umas medalhinhas também. Então, se nós temos que fazer, temos que pegar o Executivo também, que anda distribuindo medalhas que pelo amor de Deus. Vamos estudar em conjunto a coisa. Porque a do Executivo nem passa por votação nenhuma, o Prefeito resolve que vai dar e já vai distribuindo também. Muito obrigado.

 

O SR. MANO JOSÉ: Nobre Ver. Artur Zanella, a instituição da medalha de Porto Alegre o foi no governo de, se não me falha a memória, Socias Villela. Parece que o Decreto que a instituiu não fixava número, a quem dar, quem deveria ser homenageado ou não.

 

O Sr. Artur Zanella: Por isso que eu sugiro para que seja incluído tudo num Projeto só.

 

O SR. MANO JOSÉ: Aí é um entendimento de cada Prefeito, que escolhe aqueles que ele entende que devem ser homenageados, e homenageia. Honestamente, eu não me associo às críticas de V. Exa., porque este Vereador já recebeu também a medalha de Porto Alegre, foi uma honra para eu ter recebido a Medalha de Porto Alegre depois de Vereador por tantos anos, depois de Secretário do Município por tantos anos. É uma honra e o Prefeito, na ocasião, achou que eu deveria receber. Acho que o atual Prefeito escolheu aqueles que ele entendia que deveriam receber e deu. Aliás, na sua grande maioria eu concordo que tenham recebido.

 

O Sr. Artur Zanella: Eu também concordo. Só estou propondo que seja feito um quadro de honrarias no Executivo e no Legislativo, de uma vez só, por Projeto de Lei.

 

O SR. MANO JOSÉ: Eu gostaria, agora, agradecendo ao Ver. Artur Zanella pelo aparte, de encerrar este assunto, agradecendo também ao Ver. Kenny Braga, já que eu “peguei pela rama” este assunto e o continuei, e falar sobre um assunto jocoso, mas jocoso mesmo. Quando nós vemos que o Governo Federal altera a forma de cobrança do Imposto de Renda, para tirar do assalariado mais um dinheirinho, para tirar mais um dinheirinho na fonte do assalariado. O jocoso é que nós recebemos, o ano passado, sete guias para pagamento de Imposto de Renda complementar ao que já tínhamos pagado na fonte. Até aí tudo tranqüilo, pagamos religiosamente, como é de nossa obrigação, de nosso feitio, o Imposto de Renda. Agora vem a parte jocosa. É que estes anos na minha casa novas sete guias do Imposto de Renda, com uma cartinha dizendo o seguinte: Se V. Sa. já pagou, desconsidere, se não pagou, tem até o dia 25 de fevereiro para pagar. Isto é piada. Isto é piada que está fazendo a Delegacia Regional do Imposto de Renda com o dinheiro do povo brasileiro. Mas não pára aí a brincadeira do Imposto de Renda.

Eu recebi, e minha mulher também recebeu, um outro documento elaborado em computador, dizendo o seguinte: comunicamos V. Sa. que se encontra à sua disposição importância a ser devolvida a V. Sa., por esta Delegacia - pasmem - no valor de 0,01 da OTN, que se encontra à disposição no Bamerindus, onde V. Sa. deverá receber. Um centésimo da OTN.

Ora, se a Delegacia Regional do Imposto de Renda não tem mais o que fazer não jogue fora o dinheiro dos brasileiros, dos contribuintes brasileiros porque será – eu não vou qualificar o Delegado, nem vou qualificar a chefia do Imposto de Renda – que esses senhores não se atinaram que hoje quando a OTN vale Cz$ 951,77 eles estariam me devolvendo 9,51? Agora, eu pergunto quanto custa a passagem de ônibus ao centro para receber no Bamerindus? É brincadeira! Este jogo hilariante do Imposto de Renda. Este jogo em que se coloca a Caixa Econômica Estadual e neste mundo de corrupção do Governo Federal é que está o brasileiro assalariado e que entra cada vez mais pelo cano, pela tubulação, sem saber por que, porque aqueles cabeças da receita Federal, porque o Sr. Ministro da Fazenda não se achou até agora e parece não vai se  achar. Enquanto isso eu recebo guias e quantos brasileiros não receberam as guias confeccionadas novamente e também uma correspondência par dizer que eu tenho a receber do Imposto de Renda de devolução 0,01 da OTN? Posso fazer empréstimos aos meus colegas que desejarem depois de receber esta restituição do Imposto de Renda: 0,01 da OTN.

Tenho que fazer este registro para que se saiba do atual Governo, que este Governo que não quer sair lá de cima, que não quer eleições este ano e que não quer uma série de coisas, que não cabe aqui agora discutirmos neste momento, mas que esperamos neste momento. Mas esperamos que a força do povo brasileiro, realmente, consiga aquilo que o povo quer: eleições diretas ainda este ano. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon em Comunicação de Líder.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu havia me inscrito em Liderança para comentar um artigo intitulado “Buraco Milionário”. Nas contas que Brizola deixou no BANERJ, um rombo de 1 milhão de dólares. E lá adiante diz assim: “Em outro tipo de desvio de função, o BANERJ serviu de abrigo a políticos do PDT desempregados, como o atual Prefeito de Porto Alegre Alceu Collares que passou a receber um salário do BANERJ, depois de derrotado nas eleições de 1982, sem aparecer no emprego.” Ia ser esse o assunto, mas surgiu um outro assunto nesse ínterim, de modo que eu não falarei sobre esse assunto.

Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu entendo que nós temos que fazer todo esforço possível, no sentido de manter o quadro partidário, pelo menos com os partidos que já têm um certo eleitorado. Faz parte da manutenção do regime democrático, da manutenção dos partidos. E isso, no meu modo de pensar, é uma das preocupações que os políticos devem ter, não permitir que desapareçam os partidos, especialmente aqueles partidos que, embora pequenos, têm uma representatividade no cenário Nacional. Então, é absolutamente importante a manutenção desse partidos.

O que me traz à tribuna, Ver. Jorge Goularte, é uma notícia que diz no jornal Zero Hora: “Penhora da sigla ameaça o PDT.”

Eu estou aqui Sr. Presidente, Srs. Vereadores, fazendo um apelo, apesar de ser um Partido pequeno, que só existe no Rio Grande do Sul, e existe no Rio de Janeiro, é um partido bom, tem gente boa e por isso merece continuar. Eu estou abrindo um “Livro Ouro” que ficará em meu gabinete à disposição para os que quiserem contribuir. O “Livro Ouro pelo Aprimoramento da Democracia” – contribuições voluntárias para o Partido Democrático Trabalhista, a fim de que não seja penhorada a sua sigla em pagamento de dívida junto à agência Boa Nova Comunicação Publicitária Ltda. Faço um apelo aos Vereadores para contribuírem para que não seja penhorada a sigla do PDT, porque é importante para o aprimoramento democrático que as siglas partidárias existam. Não posso, como democrata, imaginar desaparecer esse partido por apenas doze milhões de cruzados.

 

O Sr. Getúlio Brizolla: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Flávio Coulon, pode cancelar seu livro, pois já paguei a dívida. Agradecemos pela boa vontade.

 

O SR. FLÁVIO COULON: Infelizmente o caderno é modesto, mas vale como a melhor das boas intenções. Ficará à disposição, em meu gabinete, fazendo um apelo a que todos contribuam. É sério o assunto, embora V. Exas. não o estejam levando a sério. O PDT tem o nosso respeito, Ver. Jorge Goularte, queremos eles nas próximas eleições. Se eles deixarem penhorar a sigla, vão dizer que perderam porque não tinham a sigla. Quero fazer este esforço e lanço um apelo aos Srs. Vereadores: vamos imaginar uma contribuição, cem mil, duzentos, trezentos mil cruzados cada um, no sentido de mantermos a sigla. Esse assunto já fugiu do PDT, porque é uma barbaridade penhorar uma sigla. E o Ver. Aranha Filho já traz sua contribuição de cem cruzados. Já não são mais doze milhões, são só onze milhões, novecentos e noventa e nove mil, novecentos e noventa cruzados. Já está melhorando.

Então, é este o apelo que eu deixo aqui, eu até solicitaria à imprensa que noticiasse que o livro ouro está à disposição no meu gabinete para que todos – Oh! Mais duzentos cruzados, aqui, do Ver. Hermes Dutra –, no sentido de que não deixemos penhorar esta sigla do PDT. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Comunicação de Liderança com o PFL, através do Ver. Artur Zanella. V. Exa. está com a palavra por cinco minutos sem apartes.

 

O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sábado o assunto referente à Lei Complementar n.º 81/83 foi tratado por dois ilustres Secretários Municipais, e a Bancada do PFL, então, se posiciona, neste momento, inclusive em função dessas entrevistas. O Secretário Gabriel Fadel no outro lado da notícia afirma que a fiscalização das contas do Município é competência do Tribunal de Contas e não da Câmara de Vereadores, já dá a sua entrevista, e como sempre na linha, não de defesa do funcionário, mas sim na linha de como a Prefeitura Municipal, vai agir contra o funcionário. Ele alega que não leu ainda o Acordão, não está bem a par. Mas já coloca que a Lei é inconstitucional. E os Senhores devem se lembrar, ao menos os que estavam aqui naquela oportunidade, os que estão aqui, há cerca de dois ou três meses, quando eu dizia desta tribuna que os funcionários deveriam ficar alertas, porque atrás daquela Ação no Estado do Rio Grande do Sul, também viria a Ação no Município. E eu alertava naquela época e alerto de novo da Bancada que não é só a Lei n° 81/83 que cairá, caso haja efetivamente o ajuizado de questões pelo Executivo, como parece ser a intenção do Sr. Gabriel Fadel. A Lei Complementar n.º 10 ela também efetiva funcionários e a única diferença da Lei Complementar n.º 10 e da Lei n° 81/83 é o prazo, que a Lei Complementar n.º 10 exigia 10 anos para efetivação, a exemplo da Lei Estadual. Então, nós estamos trazendo isto aqui, porque é preciso que esta Casa se posicione. Se for deixado ao arbítrio do Poder Executivo o assunto nós teremos a tentativa de demissão em massa dos funcionários, primeiro perdendo a efetivação, a estabilidade e propiciando as demissões que podem ocorrer. Já basta o que esta Casa sentiu de constrangimento, há poucos dias, quando o homenageado, o escritor Assis Brasil, se apresentou aqui como demitido do Município. A pessoa que era homenageada pelo Poder Legislativo tinha sido demitida pelo Poder Executivo, há poucos dias, criando um constrangimento terrível que repercute, ainda, principalmente nas camadas intelectuais, nas camadas onde o nome de Assis Brasil circula com maior desenvoltura.

E também em nome da Bancada, Sr. Presidente, eu alertava e alerto para os problemas que podem advir aos funcionários com a extinção da FESC. A FESC é uma Fundação, já existe um processo da sua extinção, aqui, nesta Casa, e para os funcionários está sendo levantada a possibilidade de que, extinta a FESC, sejam os mesmos demitidos com o recebimento do Fundo de Garantia e de todos os seus direitos sociais e sua contratação pelo Município em CLT, um quadro à parte. Isto não existe. Constitucionalmente, não existe esta figura de contratação de pessoas, de técnicos, pelo Município, desde o tempo da Lei Complementar n.º 81/83 está proibida a contratação via CLT. O Município tem contratado com carta-contrato, com uma série de outros artifícios, não sei se legais ou não, mas tenho certeza absoluta que a contratação via CLT dos funcionários da FESC, para um quadro extra no Município não é possível, e, extinta a fundação, esses funcionários não têm para onde voltar, porque qualquer pessoa pode entrar na Justiça impugnando essas contratações CLT, que são ilegais, e não haverá a possibilidade de retorno, como os do Estado estão retornando aos seus antigos cargos e os do Município poderão retornar, caso o Dr. Fadel consiga aquilo que está pretendendo. Mas no caso da FESC não vai haver forma de retorno, e isto é dito antes que o Projeto entre até em Pauta. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDT, Ver. Brochado da Rocha.

 

O SR. BROCHADO DA ROCHA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ocupo a tribuna tão-somente porque não posso silenciar diante da série de acusações que faz permanentemente desta tribuna, e em qualquer outro lugar, o Sr. Flávio Coulon ao PDT. E S. Exa. chega a querer colocar o PDT como uma chacota, ou seja, até ser devedor é uma chacota, até ser executado é uma chacota. E, vejam bem, S. Exa. anda muito mal, mal mesmo, quando não diz que os membros do PDT que fizeram essas despesas deveriam ser agravados. S. Exa. endossa a tese do executante, que quer penhorar a sigla, S. Exa. parece que é um mudo e um surdo sobre o valor moral de cada sigla. (Aparte anti-regimental.) S. Exa. inclui, em aparte anti-regimental, que foi defender. Não é verdade. S. Exa. está, sub-repticiamente, colocando o assunto a nível de chacota. Eu até aceitaria isto de V. Exa., se V. Exa. cuidasse de seu Partido o que, aliás, V. Exa. não tem feito, não tem coragem de fazer. Aliás, V. Exa. sabe muito bem que, dentro de pouco tempo, terá que se fundir com outra sigla. Foi-se V. Exa., junto com a nova e a novíssima República. V. Exa. não defende nem o líder supremo do seu Partido, que é o Presidente honorário, não defende o Presidente Ulysses, não defende o Governador. Mas V. Exa., sobretudo, não defende o Partido. V. Exa. está se caracterizando por uma atuação neo-fascista. V. Exa. avança para o neo-fascismo. V. Exa. está endossando uma sigla como se fosse um valor comercial. Onde estamos? V. Exa. se coloca ao nível da Dona Ivete, de falecida memória. V. Exa. está aglomerado junto com Roberto Campos e com Golbery, que roubaram a sigla PTB.

V. Exa. deveria ter mais cuidado e respeito com os partidos. E eu devoto profundo respeito ao Partido de V. Exa., não só ao de V. Exa., como ao de qualquer outra pessoa, por mais antagônico que ele seja. Agora, jamais farei ridicularizar as siglas políticas. Isto mostra uma conotação de V. Exa. que se preocupa com os defeitos do vizinho – se é que ele os tem – mas nunca com os seus próprios. Mas V. Exa. poderia, pelo menos, não colocar os partidos em nível mercantil. Eles não têm valor mercantil, eles são intangíveis! V. Exa. quer adotar, aqui, o que adotava o Dr. Ademar de Barros, emprestando a sigla. E V. Exa. está fazendo um registro desta tribuna, que é apenas um partido a mais que deve, aliás, devem também os políticos, Vereador, infelizmente devem, pior, deve o Brasil.

 

(Aparte anti-regimental.)

 

Não sei se vão ou não pagar, o que me arrepia e me deixa indignado, e pedi aos meus colegas da Casa, e disse a V. Exa. que iria falar, me arrepia que os partidos políticos, por piores que sejam, aliás, em média, são muito ruins, com raríssimas exceções e em raríssimos momentos - o PMDB do Plano Cruzado era um, e hoje é outro: não poderiam ser tratados como V. Exa. o fez. Queria dizer que não poderia silenciar, e ouvi, neste Plenário, V. Exa. descer ao nível de colocar partidos políticos em nível mercantil, e isso é inaceitável, por pior que seja o partido. E repare, V. Exa., que tenho profundas divergências com partidos inaceitáveis, mas acho que sempre são partidos, bem melhor do que um regime corporativista, fascista, ou mercantilista. Acho que os partidos são horrorosos, a média é horrorosa, mas acho que a palavra “partido” deve ser respeitada, senão vamos entrar num caminho muito ruim. E mais, para concluir, não vou pagar essa dívida, quem deve pagar é o PDS. Acho isso, foi daquela campanha maldita. Não vou subscrever, agora tenho todo o direito, Vereador, de me indignar, e se o partido de V. Exa. fosse ofendido dessa forma, eu tomaria idêntica e vertical posição. Agora, vou passar a cuidar a que partido V. Exa. pertence.

Esses dias, e o Ver. Hohlfeldt não estava aqui, V. Exa. disse que tudo na Nova República era culpa do PMDB, do PDT, do PFL, do PT, e que este recebia dinheiro da Nacional Socialista, não sei se é verdade, não tenho nada com isso, e V. Exa. vilipendiou todos os partidos aqui, com exceção de três partidos: PCB, PC do B e PSB. Eu naquele dia ia fazer um discurso; fui aconselhado pelos mais comedidos nesta Casa que não o fizesse. Mas V. Exa. estava fazendo uma grande injustiça. Realmente o grande traído por não votarmos o parlamentarismo, que eu conheci foi Dr. Raul Pilla ou sucessores dele, no caso, todos os do PL, até o Dr. Paulo Brossard de Souza Pinto. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Com a palavra o Ver. Jorge Goularte, em tempo de Liderança.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente, Srs. Vereadores. Realmente quando se lê que um Senador da República declara “Fogaça vê a Assembléia Nacional imobilizada. A votação do mandato do sistema de governo levou a sociedade a perceber que a Constituinte se vende e uma sensação de desalento tomou conta do País. O PMDB acabou; dividiu-se entre os que são capazes de entregar todo um patrimônio moral e político em troca de um prato de lentilhas do poder e os que não são capazes disto”. Quando um Senador da República faz uma declaração destas do País, das duas uma: ou ele tem que provar o que diz e está mentindo, ou ele prova o que diz e o País está numa situação tão degradante que ninguém responde e ninguém reclama. Se uma Assembléia Nacional Constituinte recebe uma acusação destas e nada diz, fica conivente com uma declaração destas ou aceita, omite-se em comentar, nós estamos numa situação realmente insustentável. Essa mesma Assembléia Constituinte está jogando com a opinião pública e com os Prefeitos e Vereadores de todo o País, porque ficam todos a declararem que as eleições vão sair e que eles são contra. E eu pergunto: algum Vereador, algum Prefeito, pediu para que fosse prorrogado o seu mandato? Não. O que ocorre é que eles não dizem ao povo que eles não regulamentam as eleições, não se sabe nem o número de Vereadores que nós teremos, serão as Assembléias que vão fixar. E ficam a jogar com os nossos nomes como se nós fossemos os culpados, como se nós é que solicitássemos a prorrogação. O que nós queremos – tenho certeza de que fala por todos nós – é que se diga com clareza o que vai ocorrer. Vai haver eleições? Sim. Que dia? Tal dia. Quantos são os Vereadores? Tantos. Será em dois turnos ou em um turno só? Como ocorrerão as eleições?

Vejam bem, se eu sou constituinte, eu faço o Senador Fogaça provar quem se vendeu, porque no dizer de um Senador da República da respeitabilidade do Fogaça, o homem que foi Relator-Adjunto da Comissão de Sistematização, declarar uma situação dessas e fica por isso mesmo? A Constituinte se vende por um prato de lentilhas do poder! Isso é grave, é algo de se estarrecer! E ninguém responde nada e fica por isso mesmo, como se não tivesse havido nada. É preciso que nós deixemos bem claro: nós, Vereadores, não pedimos prorrogação nenhuma, não jogue com nosso nome. Eu, pessoalmente, se não gostar da prorrogação, se ela vier, renuncio. Claro que antes vou consultar os meus eleitores para ver se eles concordam com esta tese ou não. Agora, ficar jogando com nosso nome! Dizem: “Nós somos contra”. Mas nós também somos. Quem é que está pedindo a prorrogação? Fica todo o dia o Ulysses Guimarães: “Eu vou defender a bola!” Mas, por que a bola? Quem é que está querendo a prorrogação? Digam, então, quem é que está querendo a prorrogação?

Claro, então é o Governo que quer a prorrogação e não nós. Nós, Vereadores, estamos prontos para sairmos em campanha. Se joga com o nosso nome como se fôssemos nós que estivéssemos a solicitar esta prorrogação. Por isso é que eu vejo com clareza este assunto: nós, Vereadores, tenho certeza, falo por todos nós, nenhum Vereador desta Casa pediu que fosse o seu mandato prorrogado. E todos estamos prontos a irmos às urnas para que sejamos reconduzidos ou não, de acordo com o que a população pensa de cada um de nós. Esta é a verdade. Agora, se alguém quer a prorrogação, não são os Prefeitos e Vereadores, pelo menos os Vereadores desta Casa, não são. Sou grato.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Liderança com o PT, Ver. Antonio Hohlfeldt.

 

O SR. ANTONIO HOHLFELDT: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, na última terça-feira, quando esta Casa reiniciou o Projeto Câmara e Comunidade, no Bairro Menino Deus, nós tivemos oportunidade de comentar com os moradores daquele Bairro as deficiências genéricas apresentadas pelo serviço da Empresa Trevo, de ônibus, especialmente a linha 78. Praticamente toda semana eu recebo alguma denúncia, alguma queixa, quanto à demora nos horários, à quebra de ônibus, à quebra de carros e vai por aí afora. Pois ontem à noite recebi uma correspondência de um morador da Tristeza que se queixa de uma outra novidade da Trevo.

A empresa Trevo hoje detém um monopólio apreciável de linhas de ônibus em várias áreas, e a qual eu já denunciei aqui no ano passado, durante o censo, por seus cobradores e motoristas colocarem fora os tíquetes do censo, pois esta Empresa trabalha, além daquela área do Menino Deus, também com boa parte da Zona Sul. No caso está criando um problema gravíssimo para estudantes e pais de estudantes da Zona Sul, porque embora servindo as áreas de Ipanema, Guarujá, Serraria, Ponta Grossa e outras áreas, só vende passagens escolares numa única agência Bancária do Bradesco, na Tristeza. Isto significa que o morador da Zona Sul, que tiver o azar de ser servido pela Trevo, tem que pegar um ônibus, vir até a Tristeza e ali, então, entrar numa fila do Bradesco. Todos nós sabemos que o Bradesco é um banco muito bem conhecido pelas filas, a velha prática de colocar pouco funcionário para atendimento do público, sobretudo depois que o Governo mudou o horário de funcionamento bancário. Então, ficam horas aguardando numa fila para comprarem a passagem escolar.

Eu quero trazer esta denúncia porque com isso evidentemente a Trevo dificulta e deixa de vender, diante da dificuldade, passagem escolar a milhares de estudantes da Zona Sul, que nem por morarem na Zona Sul são ricos, até porque todos nós sabemos que a classe média vem sofrendo um processo violentíssimo de proletarização. Nós estamos fazendo contato com a empresa, estamos fazendo contato com a SMT, no sentido de que se encontre uma alternativa no mínimo tendo também uma agência, de preferência não Bradesco, mas vá lá Bradesco, se for preciso, ao menos na Zona Sul. Quer dizer, ou na área de Ipanema ou no Guarujá, o Ver. Frederico Barbosa conhece mais aquela região, em alguns desses bairros mais próximos da comunidade atingida por aquelas linhas. O que me parece absurdo é que se tenha um posto aqui na Tristeza para atender moradores que vão 10, 15 quilômetros mais além, até seus fins de linhas e com isso criando este problema que me parece grave porque é uma maneira de burlar a Lei, é uma maneira de complicar o direito que os estudantes têm de pagar metade desta tarifa, que é cara, e nem por isso ter um serviço tão apreciado. Era isso. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Tempo de Liderança com o PDS, Ver. Hermes Dutra.

 

O SR. HERMES DUTRA: Sra. Presidente, eu fiquei um pouco desatento e me fugiu das mãos o Jornal do Comércio que traz uma reportagem – e a Verª Jussara Cony me socorre com o Sr. Prefeito Municipal e eu queria chamar atenção da manchete da primeira página: “Collares: Projeto Praia do Guaíba é irreversível”. Eu até acho que temos que mandar embora este Projeto que está tramitando, porque se é irreversível, irreversível ao que me consta é uma coisa que não é reversível. Logo, não há possibilidade de mudança. Então, a consulta à Câmara é mais uma das tantas brincadeiras de Alceu Collares. A reportagem está extremamente interessante. Sra. Presidente: são duas páginas em que não sei se é matéria paga. Aliás, vou fazer um pedido de informações para saber isso. Uma delas com o Arquiteto Jorge Debiagi, por sinal um homem inteligente, quanto mais discuto com ele, mais me convenço de sua inteligência. Outra página, com o nosso ilustre Prefeito, comodamente de pernas cruzadas, sentado, diz coisas sobre o Projeto Praia do Guaíba. Surpreende a este Vereador, que votou favoravelmente ao Projeto de empréstimo junto à Petrobrás para recursos destinados ao asfaltamento da futura Av. Edvaldo Pereira Paiva, que o Sr. Prefeito tentou denominar com o nome do ilustre Poeta Andrade, não sabendo que a Avenida já tinha nome. Disse que aquilo é o início do Projeto Praia do Guaíba. Confesso que votei, não atendi aos apelos do Ver. Caio Lustosa, que dizia e vociferava ser aquilo o projeto Praia do Guaíba. Votei consciente de que eram duas avenidas na Cidade de Porto Alegre. S. Exa. aqui, hoje, desmente-se: “Diz que é o Projeto Praia do Guaíba”. Confesso, pensei, era um avenida projetada há tantos anos e votei com absoluta tranqüilidade. S. Exa. ainda diz que o empréstimo concedido pela Petrobrás é juro legal, 50% da correção monetária, o que é verdade, mas também diz uma inverdade: “diz que durante os 20 anos de exploração dos postos, serão destinados 8% para o faturamento do Município. Isso não é verdade. S. Exa. enganou-se, porque o Prefeito não vai dizer uma inverdade sabendo. Vou corrigir: é 8% da comissão do posto. A comissão do posto é de 7% sobre o faturamento. Quer dizer, são 8% de 7%, o que vai dar exatamente 0,56% do faturamento, 12 vezes menos do que o Sr. Prefeito afirma no Jornal do Comércio. Aliás, quero registrar aqui, que acho que o Sr. Prefeito não firmou isso, acho que foi erro do jornal.

Trouxe esse fato ao conhecimento dos Srs. Vereadores para que se veja como se pode manipular a informação e enganar o leitor, o ouvinte. Porque vejam bem, o que devem estar falando mal de V. Exa., Ver. Caio Lustosa, que votou contra esse Projeto! Porque o porto-alegrense que ler isso, vai dizer: o Município vai receber 8% do faturamento de 14 postos, deve estar achando que V. Exa. não tem o menor amor pela Cidade. Acho que foi erro, acho que o Sr. Prefeito não fez isso intencionalmente. Isso pode levar a comunidade a formar juízo errôneo das coisas; agora, isso vai acontecer enquanto eu não estiver lendo jornal, porque na medida que eu leio, eu venho aqui e denuncio. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

A SRA. PRESIDENTE: Passamos às

 

COMUNICAÇÕES

 

Primeiro orador inscrito é o Ver. Flávio Coulon, que cede o seu tempo ao Ver. Jorge Goularte. V. Exa. tem 15 minutos.

 

O SR. JORGE GOULARTE: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, li no Boletim de Pessoal do Município, algumas decisões da SMA que merecem algum reparo. Este Vereador, que tem um Projeto tramitando na Casa, com um Veto do Prefeito Municipal, sobre o reenquadramento de funcionários efetivos em desvio de função, vê, agora, algumas artimanhas do Secretário de Administração, no sentido de fazer um concurso meio às pressas, colocando pessoas sem provimento de cargos, ainda com requerimentos na Delegacia do Trabalho. E, pretende, desta forma, eliminar os efeitos que vierem “a posteriori” da decisão sobre o Veto.

É preciso que o Secretário de Administração saiba que nós estamos atentos, e vamos encaminhar um Pedido de Informações a respeito de algumas providências do Secretário, essas providências entre aspas, que merecem.

 

A Sra. Bernadete Vidal: É mentira!

 

O SR. JORGE GOULARTE: Ele mente, Ver.ª Bernadete Vidal? Tá, ele não diz a verdade, é a mesma coisa. Mas ele que não pense que nós não sabemos que ele está fazendo umas jogadas internas na Procuradoria, transformando Assessores Jurídicos em Procuradores, numa penada só. Já estamos encaminhando um Pedido de Informações para que venha a lume, à claridade, a transparência da administração bronzeada, morena, do PDT. Mas vejam bem o que é uma administração que procura ludibriar através do seu Secretário. Eu até digo que o Prefeito não deve estar sabendo do que está ocorrendo, porque, senão, não sairiam estas providências, entre aspas, com a penada do nobre Secretário. Ele aceita inscrições novas para fazer o concurso, mesmo sem ter o curso, porque o provimento virá posteriormente. E onde estão os concursos que foram prometidos, quando eu fui tão criticado ao apresentar o Projeto de Reclassificação? Onde estão os concursos que iam ser feitos imediatamente, com clareza, à população, concurso público externo, para todos? Onde estão? É preciso que estas coisas sejam bem esclarecidas. Vamos saber deste negócio, dos Assessores Jurídicos serem transformados em procuradores, meio na marra. Vamos procurar saber se isso está bem explicado, se o Prefeito sabe disso. Porque a polícia até pode saber, mas a Justiça sabe? A polícia não sabe também, a polícia não concorda com estas coisas.

Agora, o Prefeito tenta eliminar os efeitos da possível aprovação do Projeto de derrubada do veto, acelerando inscrições para um cursinho meio na marra, onde fica uma ação entre amigos. Uma ação entre amigos! Vão fazer uma relação dos inscritos para ver onde estão os amigos e onde estão os candidatos que, efetivamente, devem ser inscritos e concorrerem livremente, licitamente no concurso externo. Da mesma forma como solicitei há dias ao Gabinete de Imprensa desta Casa um concurso público externo, também quero que os concursos existentes no Município sejam externos, públicos, claros e cristalinos! E não como estão ocorrendo, com algumas atitudes meio dúbias, não muito claras, a respeito do Município. Esta situação da Lei n° 81/83, que ainda vai dar muito o que falar, precisa ser esclarecida que os funcionários que serão atingidos pelo Projeto de minha autoria são 170 somente, e que se não têm os direitos relativos à Lei, se ela for anulada, será a mesma situação dos 3.200 anteriores que foram reenquadrados no serviço públicos. Agora, esses artifícios de colocar pessoas em desvio de função e depois não querer reconhecer essa situação, é algo que precisa ser muito bem esclarecido, e nós vamos solicitar informações, para ver o número de inscritos, para ver qual foi o número de formados em cada área, a data de formatura, o registro do diploma, para que não pairem dúvidas a respeito dos concursos a serem realizados.

Penso que, dessa forma, nós vamos esclarecer o que realmente ocorre no Município, porque a situação está muito confusa. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

O SR. IGNÁCIO NEIS: Solicito seja feita a verificação de “quorum”.

 

A SRA. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário “ad hoc” que proceda à verificação de “quorum”.

 

O SR. SECRETÁRIO “AD HOC”: (Após proceder a verificação de “quorum”.) Não há “quorum”, Sra. Presidente.

 

A SRA. PRESIDENTE: Registrem-se as presenças dos Vereadores Auro Campani, Bernadete Vidal, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Ignácio Neis, Jorge Goularte e Pedro Ruas.

Não há “quorum”, estão encerrados os trabalhos.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h19min.)

 

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